Três anos sem títulos prenunciavam uma época difícil. Nuno Espírito Santo assumiu o compromisso de recolocar o FC Porto no caminho das vitórias e o discurso parecia bem direcionado e suficientemente convincente para quem se revê no slogan ‘Somos Porto’. A fortaleza do dragão renovou a esperança e reacreditou que sim, que esta temporada havia reais condições para ganhar o campeonato.
A realidade dos factos e a crueldade dos números estão, no entanto, a desmentir as boas intenções anunciadas. O FC Porto é, hoje, uma equipa cuja ineficácia encontra explicação nos baixíssimos níveis de autoconfiança e numa perda de identidade que, queiramos ou não, está difícil de maquilhar com palavras.
Cumprido o primeiro terço do campeonato, os três “cês” de Nuno Espírito Santo (compromisso, cooperação e comunicação) são, na verdade, muitos mais… Brahimi não calça, Herrera não conta, Óliver e Otávio não criam, Corona não cativa, Depoitre não chuta, André Silva não chega… Ponto a ponto não enche o dragão o papo e são os “ses” que começam a assumir uma dimensão que leva muitos a questionar o plano do treinador. Mais preocupante ainda, a qualidade exibicional da equipa, por muitos penáltis que (acertadamente) se reclamem, parece não convencer nem os próprios… jogadores.
É verdade que as análises são todas subjetivas e que só quem diariamente sente o pulso à equipa pode, com conhecimento de causa, perceber as razões que a razão (des)conhece. Mas a Taça já era, o campeonato parece que já foi, a Europa continua assegurada mas a Champions não está segura, e a Taça da Liga não servirá de consolação ao mais tolerante dos adeptos.
“Há muitas coisas a melhorar. São demasiados empates. Vamos levantar-nos e sair disto”, prometeu Nuno Espírito Santo depois do jogo em Belém. Uma dúvida, porém, ganha cada vez maior dimensão no nosso íntimo: quantos (ainda) acreditam em Nuno?