A conhecida casa noturna lisboeta Elefante Branco fechou as portas definitivamente. Os números de telefone do espaço já não estão atribuídos e, fazendo uma rápida pesquisa no motor de busca Google, lê-se nos resultados obtidos que o espaço está “encerrado permanentemente”.
A boîte situada na Rua Luciano Cordeiro era a mais emblemática do país, já que no seu interior ocorriam segredos quase de Estado. Depois de se ultrapassar o porteiro, os clientes eram conduzidos às mesas disponíveis e podiam chamar uma das muitas mulheres produzidas e vistosas que se encontravam no local. As conversas podiam depois levar a encontros nos hotéis das imediações a troco de 250 euros.
Pelo Elefante Branco passaram muitas figuras emblemáticas da sociedade portuguesa e não só. Embaixadores, governantes, árbitros de futebol, jornalistas, médicos, polícias, atores, magistrados e demais profissões encontravam–se entre os clientes. Muitos iam lá porque gostavam de comer um bife ou um caldo verde que eram servidos até altas horas, no meio de uma animação muito própria. Outros procuravam o espaço pelos pecados da carne.
Consta que muitos árbitros internacionais, nos idos anos 90, antes de apitarem as equipas portuguesas, passavam por lá para serem presenteados com a companhia das mulheres de alterne.
Há episódios que ficaram célebres na vida lisboeta, nomeadamente quando mulheres de conhecidos empresários quiseram conhecer o Elefante Branco e foram confundidas com as prostitutas de serviço. As mulheres que enchiam o espaço eram conhecidas por serem, supostamente, as mais bonitas e as mais recentes na vida noturna. Diz-se, no meio das casas de alterne, que as mulheres deixaram de frequentar o Elefante Branco, também conhecido por “Trombinhas”, por não ganharem comissão nas bebidas que os clientes gastavam com elas.
Aberto desde 1986, o Elefante Branco era já considerado um espaço de referência na noite lisboeta – constava em guias turísticos nacionais e internacionais dedicados à noite da capital portuguesa. Foi inaugurado na Rua Luciano Cordeiro por pessoas que trabalhavam no Hipopótamo, outra das casas noturnas de Lisboa mais conhecidas, aberta há mais de 30 anos na Avenida António Augusto de Aguiar.
Mão-de-obra ilegal Gerir um espaço como este acarretava várias dificuldades. Em 2002, por exemplo, o Elefante Branco foi alvo de uma operação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e 43 mulheres (39 brasileiras, duas moçambicanas, uma angolana e uma colombiana) foram levadas para as instalações deste organismo para identificação. Após vários interrogatórios, chegou-se à conclusão que seis destas mulheres estavam em situação ilegal no nosso país, enquanto outras 25 não reuniam condições para poderem exercer qualquer atividade laboral em Portugal.