Síria. Rebeldes retiram-se da zona histórica de Alepo e pedem trégua de cinco dias

Assad aproxima-se da vitória na grande cidade síria. Líderes mundiais pedem trégua e a evacuação das dezenas de milhares de civis nos bairros rebeldes. 

Síria. Rebeldes retiram-se da zona histórica de Alepo e pedem trégua de cinco dias

As forças a mando de Bashar al-Assad prosseguem o surpreendente ritmo de avanços nos bairros rebeldes de Alepo e esta quarta-feira conquistaram a zona histórica da cidade, que nos últimos quatro anos serviu como um dos grandes bastiões dos grupos armados da oposição. Em poucas semanas, os rebeldes perderam mais de dois terços das suas posições na zona urbana de Alepo, o centro dos últimos cinco anos da guerra civil síria, que parece agora prestes a cair para as mãos do regime.

Os avanços parecem ter sido facilitados pelos últimos dois meses de cerco, que deixou a população dos bairros do leste de Alepo quase sem acesso a alimentos, combustível e cuidado médico. Os grandes hospitais da zona rebelde, aliás, foram todos bombardeados pela aviação síria e russa. Residentes nas zonas rebeldes dizem-se surpreendidos com a facilidade que o regime parece ter ao avançar por bairros que nunca trocaram de mãos em anos de conflito. Várias notícias sugerem que há divisões entre os grupos armados da oposição: uns querem retirar-se e abrir mão de Alepo, outros querem resistir até ao fim.

This is what it's like to walk through al-Shaar, a newly liberated neighborhood in Aleppo (📹 by Aleppo Media Center) https://t.co/jdHEA8aBZJ pic.twitter.com/M1im1eyb9R

— CNN (@CNN) December 7, 2016

Esta quarta-feira, porém, as fações armadas pediam apenas uma trégua de cinco dias para evacuar as dezenas de milhares de civis que ainda vivem nas zonas de oposição, um pedido que tem sido repetidamente recusado pelo regime e os seus aliados russos, que ainda esta semana vetaram uma proposta de cessar-fogo para Alepo no Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Nós, as fações armadas revolucionárias na cercada Alepo, reafirmamos que tentaremos fazer tudo ao nosso alcance para pôr um fim à matança de civis e ao seu sofrimento na cidade”, lê-se no comunicado rebelde desta quarta-feira.

Desde que começaram os grandes avanços do regime, na segunda semana de novembro, já cerca de 25 mil pessoas escaparam dos bairros rebeldes, de acordo com as Nações Unidas. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas morreram nas últimas semanas, mas a ONU estima que o número ande pelas centenas. O regime sírio recusa permitir a entrada de ajuda humanitária na cidade – os aliados russos, por outro lado, afirmam que existem outros projetos de cessar-fogo em negociação, mas não explica quais. Esta quarta-feira, seis líderes mundiais assinaram uma carta conjunta pedindo uma trégua para os combates em Alepo.

A carta vem assinada por Barack Obama, presidente dos EUA; Theresa May, primeira-ministra britânica; Matteo Renzi, primeiro-ministro demissionário da Itália; François Hollande, o presidente francês; Angela Merkel, chanceler alemã; e Justin Trudeau, primeiro-ministro canadiano. “Alepo está a ser submetida a bombardeamentos diários e ataques de artilharia conduzidos pelo regime sírio, que recebe apoio da Rússia e do Irão”, lê-se na carta desta quarta-feira. “Hospitais e escolas não foram poupados. Em vez disso, parecem ser alvos de ataques que procuram fatigar a população. As imagens de crianças a morrer são aterradoras.”