Guerra determina fecho do Elefante Branco

Foi a casa mais célebre do mundo da noite, no que a mulheres da vida diz respeito, e fechou portas depois de um antigo sócio e proprietário do espaço avançar com uma ação de despejo contra os atuais responsáveis da empresa Elefante Branco, Sociedade de Turismo e Exploração de Bares Lda.

A primeira vez que a boîte abriu portas foi em 1978, mas os donos de então venderam-na a outros sócios em 1986.

O Elefante Branco sempre foi o Ferrari das boîtes onde as mulheres combinam com os clientes uma viagem até um hotel ou pensão das redondezas a troco de 250 euros por uma hora de sexo. O espaço foi, ao longo dos anos, frequentado por políticos, magistrados, jogadores da bola, árbitros, atores, jornalistas, médicos, polícias, empresários e diplomatas. Ali se combinaram muitos negócios no meio de uns whiskys e na companhia de mulheres novas e chegadas à profissão há pouco tempo. O mundo da bola gostava de fazer do Elefante Branco uma espécie de escritório para seduzir árbitros internacionais e não só no meio de ‘fruta’ tropical, que é como quem diz, com mulheres da América Latina.

Só quem a gerência não queria como cliente é que tinha de pagar consumo mínimo de 100 euros. Outros havia que chegavam mal calçados – de ténis – para os padrões da casa, e tinham a hipótese de se servir da sapataria ‘improvisada’ à entrada onde existiam sapatos para todos os números. No interior, muitos clientes gostavam de jantar ou cear, tendo apenas duas alternativas: bifes e bacalhau à brás, pratos que andavam pelos 40 euros cada. Noutras ocasiões não faltava o caldo verde.

Enquanto se deliciavam com o jantar ou com a bebida, os clientes podiam chamar uma das mulheres presentes que, por norma, bebia uma bebida a preços muito elevados, combinando ou não uma saída a dois. As mulheres presentes no local não ganhavam comissão nas bebidas e só lucravam com a venda do corpo. Alguns homens adoravam frequentar o espaço como se de uma consulta de psiquiatra se tratasse, fazendo grandes sessões com as ‘meninas’ presentes mas estas ficavam entediadas com tanta consulta pois não recebiam nada. Alguns dos habituées combinavam com as prostitutas a saída para o hotel perto da casa de banho, evitando dessa forma pagar uma comissão à casa, leia-se bebida da mulher. O preço nunca era abaixo dos 250 euros, a não ser que se fosse íntimo da mulher em questão.

Muitas histórias se passaram no ‘Trombinhas’ – como a casa é conhecida –, algumas delas verdadeiros segredos de Estado. Outras, pelo caricato, ficaram no anedotário da sociedade lisboeta. Havendo uma grande curiosidade pelo que se passava no interior, umas das figuras mais conhecidas do chamado jet set português pediu a um amigo que a levasse ao espaço. Depois de ver os clientes  a dançarem slows com as ‘meninas’ como se os seus corpos se fossem fundir, a tal figura emblemática da sociedade lisboeta quis ir à casa de banho. Quando fazia esse caminho, um dos homens presentes perguntou-lhe qual era o seu preço.

Agora não se sabe se a casa voltará a abrir portas, atendendo a que o proprietário do espaço não quer nada com os seus antigos sócios. Refira-se que a crise dos últimos anos também foi contribuindo para um ‘abaixamento’ da qualidade do espaço, segundo os clientes mais assíduos.