A nomeação do magnata do setor petrolífero, Rex Tillerson, para o cargo de secretário de Estado, oficializada pelo presidente eleito dos EUA, via Twitter, na passada terça-feira, não foi nada consensual no seio do Partido Republicano. A inexperiência do escolhido em cargos públicos e as aparentes ligações estreitas com a Rússia, não deixaram apenas desconfiados os opositores democratas.
Os senadores John McCain e Marc Rubio foram alguns dos membros do GOP que também expressaram publicamente a sua discordância face à escolha e que prometem bater o pé a Donald Trump, quando este apresentar a sua equipa para aprovação na câmara alta do Congresso norte-americano.
O condecorado com a Ordem da Amizade, em 2013, pela mão de Vladimir Putin, não é, ainda assim, o único nome a gerar controvérsia, dentro do grupo de escolhidos pelo magnata para integrar a futura administração Trump. Scott Pruitt, Ben Carson ou Steven Mnuchin são alguns dos homens que cabem na categoria dos 'suspeitos' – por motivos diferentes – e que podem levar os senadores a torcer o nariz.
O próprio presidente eleito apresenta o mesmo perfil controverso, para os parâmetros habituais do seu partido, mas o candidato que dividiu largamente os republicanos durante a campanha, saiu evidentemente legitimado com a estrondosa vitória eleitoral sobre a favorita Hillary Clinton, pelo que o foco está agora nas escolhas de Trump para “drenar o pântano” de Washington.
É precisamente na busca pela aprovação do Senado – decidida por maioria simples – que entra Mike Pence, o vice-presidente eleito. O ainda governador do estado de Indiana – trocará o cargo pela vice-presidência em janeiro do próximo ano – é visto por um número significativo de membros e financiadores do Partido Republicano como o homem certo para fazer as pontes entre Trump e os pesos pesados do partido, fruto da sua posição consolidada no seio dos conservadores norte-americanos.
“Pence é o ‘confortador-supremo’ (…) porque todos respeitam a sua integridade e gostam dele pessoalmente”, qualifica-o Tim Phillips, antigo conselheiro republicano e atual presidente do grupo “Americans for Prosperity”, uma organização com ligações ao Tea Party, citado pelo “Washington Post”.
O papel apaziguador de Pence, esse sim, é consensual entre os republicanos, particularmente no esclarecimento das declarações mais controversas de Trump. Marc Short, seu conselheiro, justifica o sucesso do vice-presidente eleito nesta missão pelo facto de entender, como ninguém, a “forma única e clara de comunicação” do magnata. Neste sentido, o próximo futuro presidente está a contar com o posicionamento neutral de Pence para convencer os senadores do valor das suas escolhas.
Bobbie Kilberg, tradicional angariadora de fundos do GOP tem Pence em tão boa consideração que acredita mesmo que será um vice-presidente “tão poderoso como Dick Cheney”, ex-running mate de George W. Bush. Resta saber se o Senado pensa o mesmo.