Nuno Simas apresentou hoje a demissão do cargo de diretor adjunto da Lusa por não concordar com a nomeação de Mafalda de Avelar para subdiretora de informação.
“Em última análise, e independentemente do desgaste no exercício desta função durante cinco anos, o que pesou para tomar esta decisão foi a discordância com o perfil escolhido e objetivos traçados para a nova subdiretora. Na minha perspetiva, um novo subdiretor teria que ter um papel interventivo no trabalho diário da redação”, anunciou o agora ex-diretor adjunto ao Conselho de Redação.
Horas antes da saída de Simas, tinham sido demitidos, de forma inédita, dois funcionários: a secretária do diretor financeiro e um diretor técnico, por extinção do posto de trabalho.
A contratação de Mafalda Avelar foi também vetado pelos elementos eleitos do Conselho de Redação (CR) e está a gerar forte contestação na redação da agência de notícias.
O jornalista Nuno Simas, que estava na direção da Lusa desde 2011, vai deixar o cargo a 1 de janeiro de 2017 e será substituído por Margarida Pinto, atual chefe da delegação da Lusa em Macau.
O diretor de Informação da Lusa, Pedro Camacho, pediu ao CR pareceres para a contratação de Mafalda de Avelar para subdiretora de informação, Jorge Afonso da Silva para redator na editoria País e João Pimenta para delegado em Pequim. De acordo com uma nota interna – a que o i teve acesso – o diretor de informação justifica a contratação de Mafalda de Avelar com o perfil “indicado para o atual momento da agência” sendo que, em seu entender, “a empresa precisa de alguém com as características da jornalista: experiência na área da economia, experiência na área internacional e experiência na negociação de programas comunitários", lê-se em comunicado.
Já o Conselho de Redação não partilha da opinião. Em comunicado, o órgão consultivo diz que "atendendo ao currículo da jornalista e ao lugar que vai ocupar, entendeu dar parecer negativo, por unanimidade", considerado "falta ao nome proposto experiência de chefia e de trabalho em redação".
No entanto, já que o parecer do Conselho de Redação não é vinculativo, Pedro Camacho entendeu contratar Mafalda de Avelar para o cargo entrando nos quadros, quando vários jornalistas estão há anos em regime de avença, com recibos verdes, ou a contratos temporários.
A mesma nota salienta que "a Lusa tem um défice notório de redatores e lembra que é esse défice que tem sido reconhecido e falado nos últimos meses/anos e não o défice de diretores".
No seguimento de rumores sobre a venda do edifício da Lusa e de futuras demissões a presidente do Conselho de Administração, Teresa Marques, enviou um comunicado à redação – a que o i teve acesso – a garantir que são “falsidades” que não têm “qualquer fundamento”.