Life coach. Quando a mudança precisa de um empurrãozinho

Há quem, de um dia para o outro, decida deixar o emprego e vá fazer voluntariado para África. E, depois, há aqueles que, até para passar a fazer exercício físico, precisam de quem os oriente e, principalmente de quem os estimule. Quando a força não vem de dentro, são os life coach que ajudam a…

Madalena é fã de desafios. Desafia-se a si própria todos os dias, desafia quem a visita para uma consulta e, não contente com isso, criou uma página de Facebook dedicada a pequenos desafios que, na sua opinião, podem mudar vidas. Mas calma, não se fala aqui de escalar montanhas, nem emigrar para o outro lado do mundo. “Podem ser mudanças tão simples como passar a acordar cedo ou todos os dias escrever uma frase positiva sobre si mesmo”, explica a life coach.

O sucesso não vem só da teoria, até porque Madalena Muñoz já comprovou, na prática, que não há nada mais compensador do que por as pessoas à prova. “Uma das seguidoras do grupo fez questão de vir ter comigo dizer que só pelo simples fato de ter passado a acordar cedo, começou a ter tempo e luz para se dedicar à pintura, coisa que tinha deixado de fazer por alegada falta de tempo”. Ou outro caso, mais radical, de uma mulher que, depois de ultrapassar o desafio de todos os dias dizer algo bom sobre si própria, se apercebeu que estava numa relação tóxica, acabou com o noivado e saiu de casa.

São estes os casos que estimulam Madalena a continuar a desafiar os quase 200 membros do grupo “Umazinha”, “porque é mesmo isso, umazinha, uma açãozinha por dia que pode fazer a diferença”, garante. Mas como defensora acérrima de mudanças radicais – “muito mais estimulantes” – acredita que estes pequenos passos podem ser só o início. “Quem um dia passe a ajudar no Banco Alimentar pode, mais tarde, largar tudo e ir fazer voluntariado no Nepal”, explica.

Apesar de admitir que gostava de ter outra resposta, Madalena acredita que a mudança não é para toda a gente e divide as pessoas em dois grupos. No primeiro encaixa todos os passam a vida a queixar-se, “queixam-se do governo, das finanças, do lixo nas praias”, mas que nunca vão fazer nada para mudar aquilo que consideram estar errado. E depois, felizmente, há aqueles que, apesar de não estarem contentes com a situação atual, contemplam a possibilidade de mudar. Para essas, a life coach deixa um conselho: as coisas a dois têm mais piada.

“Dizer à vizinha para passar a fazer companhia nas caminhadas, convencer o marido a inscrever-se no ginásio ou mudar os hábitos alimentares da família é meio caminho andado para o sucesso”, garante.

 

Todo o mundo é composto de mudança Apesar de partilharem a profissão, não podiam ter visões mais diferentes – e ainda bem, acrescentamos nós –, visto que isto de mudar não é igual para todos.

Enquanto Madalena Muñoz acredita que há quem tenha nascido sem o chip da mudança mas que, quando estas acontecem, prefere que sejam radicais, Sofia Castro Fernandes é mais contida naquilo que exige de quem a procura para uma orientação.

“Mudar radicalmente a alimentação em vez de simplesmente ir cortando o açúcar, nem sempre funciona. As mudanças radicais têm mais tendência a não se perpetuarem no tempo”, explica. Para justificar com a ciência aquilo que defende, Sofia recorre às investigações que dizem que o ser humano precisa de 21 dias para mudar um hábito. “O cérebro é um músculo e, por isso, tem que ser trabalhado. 21 dias é o tempo mínimo para que seja reprogramado para uma nova tarefa”, refere.

É por isso que uma mudança radical, como terminar uma relação ou deixar um emprego, tem de ser ponderada e leva o seu tempo de aceitação. “A pessoa até podia fazer isso de um dia para o outro, mas o cérebro não acompanha essa mudança de forma positiva”. Para essas situações, a life coach apresenta como alternativa a meditação.

“Tenho visto casos de pessoas desesperadas com um emprego que não podem deixar, que passaram a relativizar os problemas profissionais com umas horas dedicadas à meditação”. E, por vezes, lembra, “basta passar a deitar-se mais cedo ou a organizar a agenda para passar a ter tempo para aquilo que achava impossível”.