No mesmo dia em que a polícia dinamarquesa garantiu ter avistado um homem em Aalborg, cuja descrição se assemelhava à do principal suspeito do ataque terrorista de segunda-feira, em Berlim, as autoridades italianas confirmaram que Anis Amri foi abatido num posto de controlo em Milão, vindo de França.
Como terá viajado da Alemanha para aquele país ainda não se sabe, mas desde ali para Itália, o cidadão tunisino terá apanhado um comboio em Chambéry – perto de Lyon – com destino a Turim. Já em solo italiano, tomou outro comboio para Milão.
À aparente facilidade com que o suspeito pela morte de 12 pessoas e ferimento de 49 – depois de conduzir um camião roubado pelo mercado de natal de Breitscheidplatz adentro – passou por dois países europeus, antes de ser morto no terceiro, a imprensa germânica acrescenta ainda a informação de que a polícia suspeitava que Amri ainda se encontrava na Alemanha, tendo inclusivamente realizado buscas surpresa, na madrugada desta sexta-feira, numa mesquita da capital.
Embora o caso demonstre as dificuldades evidentes da polícia alemã em encontrar o rasto do tunisino, em Itália o sentimento é de dever cumprido. “Era o homem mais procurado em toda a Europa e nós identificámo-lo e neutralizámo-lo imediatamente. Isto significa que os nossos serviços de segurança funcionam realmente bem”, congratulou-se o ministro do Interior italiano, Marco Minniti, citado pelo “El País”, após confirmar que o suspeito foi morto no norte do país.
A realidade é que Amri foi apanhado num controlo policial rotineiro e os dados conhecidos não parecem sugerir que a polícia de Milão sabia que o suspeito iria passar por ali. Para além disso, a possibilidade de aquele ter feito toda a viagem, desde Berlim, através dos caminhos-de-ferro europeus, em transportes públicos – supostamente com ferimentos visíveis a toda a gente, como informaram as autoridades alemãs – põe ainda mais a nu as fragilidades das buscas, quer a nível nacional, quer ao nível da cooperação inter-policial europeia.
A tudo isto há que lembrar ainda que o tunisino já tinha estado preso em Itália, em 2011, voltou àquele país em 2015 e dali viajou para a Alemanha, onde pediu asilo no ano seguinte. Foi vigiado pela polícia e utilizava regularmente seis identidades distintas. Não obstante, conseguiu roubar um camião, acelerar direito a um mercado de Natal e fugir através do continente, baralhando as voltas a alemães, dinamarqueses, franceses e italianos.