Corria a primavera quando os portugueses foram surpreendidos com mais um caso polémico. O funcionário do Serviço de Informações de Segurança (SIS) Frederico Carvalhão Gil e o russo Sergey Nicolaevich Pozdnyakov foram detidos em Roma por uma equipa mista da PJ e da polícia italiana. Era final de maio mas a investigação ‘Top Secret’ já vinha de trás: o português era suspeito de estar a soldo dos interesses da Rússia, vendendo documentos classificados da NATO às secretas daquele país.
Carvalhão Gil estava desde 2015 debaixo de todas as atenções da própria secreta interna (SIS). Fora o próprio secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, Júlio Pereira, quem – após ter recebido, de uma agência ocidental, fotografias de um encontro na Eslovénia entre o agente luso e o russo – dera o passo de comunicar as suspeitas ao MP e à PJ. Durante esse período, o SIS manteve o agente no ativo mas, para defender os interesses nacionais, Carvalhão Gil foi deslocado para o departamento de análise de informação e arredado de qualquer contacto com documentação sensível que envolvesse a Aliança Atlântica. O agente não se terá apercebido de que estava sob investigação, mas manteve prudência em relação aos contactos telefónicos com o russo.
Desde outubro de 2015, mês em que se dera o último encontro com o espião russo, que não se comunicavam. Por isso, em maio a PJ – que o tinha sob vigilância 24 horas -, estava perdida. É, finalmente, nesse mês os investigadores recebem a informação de que Carvalhão Gil pedira um dia de férias, uma sexta-feira, fazendo adivinhar um fim de semana prolongado. Mas foi num telefonema com um familiar que o espião acaba por se trair, ao avisá-lo de que não ia estar em Portugal por esses dias.
Com a detenção dos dois espiões, e as buscas aos respetivos quartos onde se hospedaram, a PJ encontrou na posse de ambos documentação comprometedora. Na mochila de Carvalhão estava matéria top secret relacionada com os interesses da Aliança Atlântica e 10 mil euros e no bolso do casaco do russo estava um recibo manuscrito sem qualquer timbre no valor correspondente.
Carvalhão Gil foi extraditado para Lisboa onde foi colocado em prisão preventiva e, mais tarde, em domiciliária. Desde o momento da detenção que diz estar inocente, justificando a ida a Itália como um encontro de negócios. A Justiça de Roma negou a extradição do russo e libertou-o.