Os clientes do Banco Popular Portugal vão passar a ser clientes do Popular Espanhol. As agências vão continuar a funcionar, mas deixa de existir o Banco Popular como banco e passa a ser apenas uma sucursal da instituição espanhola.
De acordo com o comunicado enviado ontem à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), “o Banco Popular Portugal, S.A. informa que o seu conselho de administração e o do Banco Popular Español, S.A. aprovaram um projecto comum de cisão parcial transfronteiriça intracomunitária do Banco Popular Portugal, S.A., enquanto sociedade cindida, a favor do Banco Popular Español, S.A., enquanto sociedade beneficiária”.
A verdade é que este passo faz parte da uma reestruturação que o grupo espanhol tem vindo a fazer e implica que a garantia dos depósitos passe para Espanha. Ou seja, no fundo, deixa de ser o Fundo de Garantia de Depósitos nacional a ter de assegurar os 100 mil euros por cada titular. A responsabilidade de garantir o reembolso dos produtos financeiros transita para o país vizinho.
A reestruturação que o grupo espanhol tem estado a fazer já não é de hoje e já teve impacto em Portugal na altura em que grupo fez um corte de 300 trabalhadores, altura em que também optou pelo fecho de 47 agências.
O primeiro passo Mas esta operação ainda não está concluída. Como explica o comunicado ao regulador, “a cisão encontra-se sujeita à verificação cumulativa de determinadas condições suspensivas e autorizações administrativas, melhor descritas no projeto de cisão, esperando-se que possa estar concluída no último trimestre do presente ano”.
Despedimentos polémicos Em novembro do ano passado muito se falou dos despedimentos que estavam a ser feitos. Por esta altura, o Banco Popular em Portugal contava com a oposição do Sindicato dos Bancários do Norte à saída de 300 trabalhadores.
A instituição assegurava que se tratava de um processo de rescisões por mútuo acordo, mas o sindicato continuava a bater o pé e a acusar o Banco Popular Portugal de estar a fazer “um despedimento colectivo encapotado”.
Para o sindicato, o recurso às rescisões continuava a ser “o caminho mais fácil e mais eficaz” porque “atinge a natureza de chantagem, exercida diretamente sobre um trabalhador isolado, que, só por si, não tem capacidade de negociação”.
Nesta altura era também anunciado o fecho de 47 balcões, o que significava mais de um quarto da rede de balcões que a instituição tinha no país em 2015. Outra alteração anunciada era a transferência de algumas atividades para Espanha. E o sistema financeiro português fica cada vez mais uma sucursal do espanhol.