Suspeito de ataques a radares na Madeira sofre de esquizofrenia

Homem é seguido por um psiquiatra em França. No entanto, a Polícia Judiciária não o considera inimputável

 

O suspeito de ter colocado em perigo a segurança do transporte aéreo no país, ao cortar com uma serra vários cabos de comunicação usados pelo controlo de tráfego aéreo na Madeira, sofre de doença mental. A Polícia Judiciária não o considera, no entanto, inimputável.

O i sabe que o homem, luso-francês, está diagnosticado com uma esquizofrenia e é seguido por um psiquiatra em França. A polícia ainda não sabe qual terá sido a motivação do crime, mas considera-o perigoso.

Pouco se sabe, aliás, sobre este homem. Apenas que é filho de mãe francesa e pai madeirense, tratando-se de uma pessoa de poucas falas, com dupla nacionalidade e que diz ser professor de ténis.

O caso ocorreu em setembro do ano passado, altura em que o homem subiu a um monte com cerca de dois metros, devidamente vedado e sinalizado e que delimita as infraestruturas de radar da empresa Navegação Aérea de Portugal na ilha do Porto Santo. Cortou cirurgicamente os cabos do sistema.As autoridades acreditam que o suspeito sabia perfeitamente o que estava a fazer, pois foram cortados apenas os cabos que afetavam as comunicações.

Apesar da doença, os investigadores consideram que o indivíduo elaborou bem o plano. Já tinha marcado o voo de regresso a França, previamente comprado, e adquirira bilhete no barco que o levaria ao aeroporto no Funchal. Um ligeiro atraso levou-o a perder o barco, tendo logo arranjado um táxi que o levou ao destino.

Só na semana passada, julgando não ter sido referenciado pelas autoridades, regressou à Madeira. Mas a PJ, com o recurso, nomeadamente, a imagens de videovigilância, tinha-lhe acompanhado o percurso e recolhido provas que o ligavam ao crime, o que lhe permitiu, no domingo passado, detê-lo de imediato no aeroporto do Funchal. Ficou em prisão preventiva.

A polícia ainda desconhece o que motivou o regresso do suspeito à região autónoma nem sabe se pretendia dar continuidade ao que começara.

Esta ocorrência acabou por gerar uma falha de comunicações, durante tempo indeterminado, entre as torres de controlo da Madeira e de Lisboa. Também as comunicações com os aviões que naquela altura sobrevoavam a ilha foram afetadas. O crime de atentado à segurança de transporte por ar pode ser punido com uma pena até oito anos de prisão. A Navegação Aérea de Portugal vai agora começar a preparar a implementação de medidas adicionais de segurança para evitar a repetição deste tipo de casos.