O último relatório do Banco Mundial sublinha uma palavra: problemas. É um termo que não falta em todo o cenário que é traçado e vem de braço dado com um outro: a incerteza. Até porque, de acordo com o documento, é o que mais reina na Europa.
Para o Banco Mundial, o Velho Continente enfrenta os mais variados problemas, entre eles o facto de a instabilidade na banca e a inflação abaixo da meta do Banco Central Europeu se juntarem ao Brexit. Aliás, de acordo com o relatório, esta é uma outra fonte das incertezas que pairam sobre a economia mundial, especialmente sobre a Zona Euro. Com o Reino Unido a preparar a saída da União Europeia, o Banco Mundial traça a previsão de que, este ano, o Reino Unido apresente um crescimento económico de 1,2%.
Já os problemas de Portugal enquadram-se nas questões que se têm levantado na banca e ainda no investimento. Neste sentido, o Banco Mundial ilustra o relatório de 276 páginas com um gráfico que traça a evolução da taxa de investimento de países como Portugal, Irlanda, Itália, Espanha e Grécia. Em comparação com outros países da Zona Euro, é possível ver que há uma acentuada descida no investimento feito neste conjunto de países a partir de 2008.
Na banca, a questão que mais se levanta e onde Portugal também se encaixa é a sua rentabilidade e ainda o elevado nível do crédito malparado. Recordam os autores do estudo que estes fatores podem “continuar a restringir o crédito na Zona Euro e contribuir para a volatilidade dos mercados”.
Europa ameaçada
No geral, o Banco Mundial considera que o Velho Continente pode ser ameaçado pelo resultado das eleições em França e na Alemanha: “As próximas eleições, particularmente na Europa, podem desencadear um novo movimento protecionista.”
Mas há mais motivos de preocupação, até porque há fatores que pesam na hora de traçar o cenário económico para a Zona Euro. A atrasar uma realidade financeira mais favorável está o aumento da incerteza política, as muitas preocupações com o sistema bancário e o retrocesso do rendimento disponível, condicionado pela recuperação do preço do petróleo. E não é apenas para este ano que as notícias são más. As previsões para 2018 e 2019 ainda são piores.
Trump e o pessimismo
Para não fugir a uma das palavras de ordem do relatório, também a nível global, o cenário é de “crescente incerteza”. Para o Banco Mundial, aqui, o pessimismo justifica-se por causa de Donald Trump. Neste sentido, o Banco Mundial salienta: “Há uma crescente incerteza sobre a futura orientação fiscal e comercial e sobre a política migratória e externa dos Estados Unidos.”
Aliás, o relatório tem uma particularidade quando comparado com outros: não há previsões para a maior economia do mundo, os EUA. A justificação é a falta de conhecimento sobre o que Trump, futuro presidente, pretende fazer.