“As condições em que se exerce hoje o jornalismo, pilar da democracia, comprometem o direito constitucional à informação, indispensável para o exercício pleno da cidadania”. “As condições de trabalho – dimensão reduzida das redações com os despedimentos, precariedade, baixos salários e falta de tempo – estão a ter efeitos na qualidade do jornalismo e condicionam a independência dos jornalistas”. “A profunda mudança no enquadramento do setor está a afetar a credibilidade do jornalismo.
O contributo dos jornalistas é determinante para ultrapassar as ameaças e desafios que se colocam à viabilidade da informação de qualidade”. São estas as primeiras três de um total de 12 conclusões apresentadas na Resolução Final do 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses, que terminou ontem. As doze medidas, apresentadas pela comissão organizadora (presidida por Maria Flor Pedroso), foram aprovadas por unanimidade e duas delas resultaram de sugestões vindas dos próprios debates. Houve unanimidade mas houve discussão: todas as medidas, que foram votadas uma a uma, suscitaram debates intensos.
Os congressistas concordaram ainda que é “urgente uma ação rápida e eficaz da Autoridade para as Condições de Trabalho para acabar com os falsos estágios, os falsos recibos verdes e os falsos contratos de prestação de serviço” e que “a autorregulação tem de ser reforçada e a regulação tem de ser eficaz”, para além de considerarem que deve haver um reforço dos “princípios éticos e deontológicos” e que “os pareceres dos conselhos de redação têm de ser vinculativos, nomeadamente para os cargos de direção e chefias”.quarto congresso O último congresso tinha acontecido há quase 20 anos.
Na sessão de abertura, Marcelo Rebelo de Sousa que pediu aos jornalistas para não desistirem. Antes, já Sofia Branco, presidente do Sindicato de Jornalistas, dera voz a colegas que, por temer represálias, preferiram o anonimato. “Hoje, há medo nas redações. Ou alguém tem dúvidas?”O primeiro painel contou com a presença de Michael Rezendes, jornalista norte-americano da equipa de investigação “Spotlight” do “The Boston Globe” e vencedor do prémio Pulitzer de Serviço Público em 2003, que defendeu que o jornalismo de investigação continua a fazer sentido é economicamente viável: os leitores “adoram artigos longos”, considerou.
Durante o encontro, foram ainda apresentadas as conclusões do maior inquérito feito à profissão, que concluiu que 64,2% dos profissionais já pensaram deixar o jornalismo. Nos últimos dez anos, Portugal perdeu quase dois mil jornalistas. “As condições em que se exerce hoje o jornalismo, pilar da democracia, comprometem o direito constitucional à informação, indispensável para o exercício pleno da cidadania”. “As condições de trabalho – dimensão reduzida das redações com os despedimentos, precariedade, baixos salários e falta de tempo – estão a ter efeitos na qualidade do jornalismo e condicionam a independência dos jornalistas”.
“A profunda mudança no enquadramento do setor está a afetar a credibilidade do jornalismo. O contributo dos jornalistas é determinante para ultrapassar as ameaças e desafios que se colocam à viabilidade da informação de qualidade”.
São estas as primeiras três de um total de 12 conclusões apresentadas na Resolução Final do 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses, que terminou ontem. As doze medidas, apresentadas pela comissão organizadora (presidida por Maria Flor Pedroso), foram aprovadas por unanimidade e duas delas resultaram de sugestões vindas dos próprios debates.
Houve unanimidade mas houve discussão: todas as medidas, que foram votadas uma a uma, suscitaram debates intensos.
Os congressistas concordaram ainda que é “urgente uma ação rápida e eficaz da Autoridade para as Condições de Trabalho para acabar com os falsos estágios, os falsos recibos verdes e os falsos contratos de prestação de serviço” e que “a autorregulação tem de ser reforçada e a regulação tem de ser eficaz”, para além de considerarem que deve haver um reforço dos “princípios éticos e deontológicos” e que “os pareceres dos conselhos de redação têm de ser vinculativos, nomeadamente para os cargos de direção e chefias”.
Quarto congresso
Durante quatro dias, mais de mil pessoas – entre jornalistas, convidados e oradores – foram rodando as cadeiras do cinema São Jorge, em Lisboa.
O último congresso tinha acontecido há quase 20 anos. Na sessão de abertura, Marcelo Rebelo de Sousa que pediu aos jornalistas para não desistirem. Antes, já Sofia Branco, presidente do Sindicato de Jornalistas, dera voz a colegas que, por temer represálias, preferiram o anonimato. “Hoje, há medo nas redações. Ou alguém tem dúvidas?”
O primeiro painel contou com a presença de Michael Rezendes, jornalista norte-americano da equipa de investigação “Spotlight” do “The Boston Globe” e vencedor do prémio Pulitzer de Serviço Público em 2003, que defendeu que o jornalismo de investigação continua a fazer sentido é economicamente viável: os leitores “adoram artigos longos”, considerou.
Durante o encontro, foram ainda apresentadas as conclusões do maior inquérito feito à profissão, que concluiu que 64,2% dos profissionais já pensaram deixar o jornalismo. Nos últimos dez anos, Portugal perdeu quase dois mil jornalistas.