Reino Unido. May deverá anunciar “hard Brexit”

Primeira-ministra britânica irá revelar os planos do governo para a saída da UE esta terça-feira

Após quase seis meses de incerteza, Theresa May está preparada para anunciar, finalmente, a estratégia definida pelo executivo para a saída dos britânicos da União Europeia. O tão aguardado discurso – tanto no Reino Unido, como na Europa – acontecerá em Londres, por volta do meio-dia desta terça-feira, e segundo a imprensa local, deverá confirmar a opção britânica pelo “hard Brexit”, ou seja, pelo abandono o Mercado Único e pela busca de uma solução de corte radical, que garanta que o Reino Unido não fica “nem meio dentro, nem meio fora” da UE.

Mais importante do que os objetivos a definir para o pós-Brexit, será o caminho escolhido até à formalização da saída. May já garantiu que irá acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, oficializando a intenção de abandonar da UE, até ao final março deste ano, mas os passos que serão dados até essa data limite permanecem no segredo dos deuses. 

A chefe do governo deverá divulgar, então, uma lista de 12 prioridades de negociação, que o Reino Unido quererá cumprir durante o processo de abandono da União. Apesar de o foco dessas prioridades assentar na retirada total dos britânicos da UE, May deverá aproveitar o discurso para garantir aos restantes 27 membros daquela organização comunitária que o Reino Unido continuará a ser um parceiro comercial confiável e um aliado e amigo próximo dos europeus.

Numa altura em que se espera ansiosamente pelas conclusões da apreciação do recurso interposto pelo governo ao Supremo Tribunal – deverão ser conhecidas ainda este mês – no âmbito da decisão do Tribunal Superior, de novembro de 2016, que decretou o impedimento do executivo em desencadear unilateralmente o processo de saída, sem a participação do parlamento britânico, resta saber se a estratégia a ser anunciada por May prevê os dois cenários em cima da mesa. Quer a aceitação dos argumentos do governo, quer a rejeição do recurso e consequente obrigatoriedade da discussão, votação e aprovação de todos os passos de saída da UE, em Westminster.

Theresa May chegou ao cargo de líder do governo do Reino Unido em meados de julho de 2016, substituindo o então primeiro-ministro David Cameron, que apresentou a demissão depois de conhecidos os resultados do referendo que ditou a intenção do país pela saída da União Europeia, no dia 23 de junho de 2016. Ao longo dos últimos meses a primeira-ministra foi muito criticada, quer pela oposição, quer pela imprensa britânica apologista do Brexit, quer ainda pelos governos da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, por não ter apresentado uma estratégia concreta para a retirada do Reino Unido da União.