“Mais Amor» é o apelo que nos é feito nesta inscrição na Rua António Ramalho. E como ponto final ou, neste caso, talvez como ponto de partida, há um morango, muito encarnado, muito doce. Possivelmente porque o amor é fundamental na vida, porque o amor dá unidade à vida, dá-lhe o doce que adoça o dia a dia e assegura a alegria de vivermos mais felizes e de fazermos os outros mais felizes. Dá-nos, até, faculdades inesperadas, como entender o canto dos pássaros ou perceber o que dizem as estrelas, porque, como diz o poeta brasileiro Olavo Bilac: «só quem ama pode ter ouvido / Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
É sentindo o amor que os outros nos dão, e retribuindo esse amor, que nos sentimos mais humanos, que sentimos que tudo faz sentido, que os sentimentos não são conceitos vagos, e que são os laços estabelecidos ao longo da vida que nos tornam mais pessoas, que fazem com que valha a pena viver, mesmo se o amor, como diz Drummond de Andrade: «foge a dicionários / e a regulamentos vários».
E não se trata só do amor, no sentido de uma troca entre dois amantes, mas, também, entre quaisquer pessoas, como os amigos, os filhos, os pais e, sobretudo, a própria vida.
Viver é amar a vida, é dar graças por este dom que os nossos pais nos deram e que temos obrigação de honrar e respeitar, tudo fazendo para ter uma existência plena, completa, aproveitando bem tudo o que nos acontece, tudo o que fazemos a nós mesmos, mas, sobretudo, tudo o que fazemos pelos outros.
É exatamente quando reconhecemos o outro como pessoa que começamos a amá-lo, quando reconhecemos que, como pessoa, tem os mesmos direitos que nós e quando valorizamos cada pessoa na sua diferença, quando aceitamos e respeitamos as suas opiniões, os seus anseios, os seus sonhos, a sua felicidade e procuramos, em todas as dimensões da nossa vida (pessoal, familiar, social profissional), que os outros tenham direito à sua felicidade, que garantimos a nossa própria felicidade, porque ninguém pode ser feliz isolado no seu próprio castelo de cristal transparente, de onde pode ver o mundo, mas que, na realidade, não protege porque, a todo o momento, pode partir-se.
Por isso mesmo é que digo sempre: eu quero é ver-te feliz!
Escrito em parceria com o blogue da Letrário, Translation Services