Hoje é legítimo pensar que a identidade nacional está mais ameaçada do que nunca, que os seus traços distintivos perdem importância em detrimento de homogeneização da música que ouvimos, dos filmes que vemos e das roupas que vestimos. A adoção de códigos globais é cada vez mais rápida e são as gerações mais novas o principal motor deste crescimento. Porém, são também os Millennials (18-34), muito provavelmente a geração mais global de sempre, os que mais se preocupam com este fenómeno.
Em meados do ano passado, o grupo Havas publicou um estudo da série Prosumer Reports chamado ‘Pride and Prejudice, Shifting Mindsets in the age of Uncertainty’, no qual analisa o sentimento dos cidadãos de trinta e sete países, Portugal incluído, relativamente a alguns dos principais aspetos que os caracterizam.
Uma das principais conclusões deste relatório é sobre identidade nacional, definida como o ‘novo cool’. Hoje as pessoas fazem um esforço para combinar duas identidades, a do cidadão global e do nacional, com 89% dos Prosumers, um perfil de pessoas particularmente bem informadas e com grande capacidade de influência nas decisões dos outros, a afirmarem que respeitam a bandeira do seu país e 95% a considerarem importante que as crianças conheçam a história do seu país e os seus principais símbolos, como o hino ou a bandeira. Estes símbolos são parte da sua identidade, cresceram e revêm-se neles.
Na maioria das realidades analisadas, o orgulho que sentem nos seus respetivos países deve-se ao seu passado, concretamente à sua cultura e história, sendo a falta de conhecimento do passado do respetivo país algo que preocupa a maioria destas pessoas. À escala global, três quartos dos Prosumers afirma inequivocamente que sente orgulho no seu país.
Portugal não é exceção: 72% dos portugueses têm orgulho no seu país. Os Millennials em particular evidenciam uma forte relação com os símbolos nacionais, elegendo a história, a cultura e os valores como o património de que mais se orgulham. A maioria não acredita que a globalização, com a ajuda da internet, diminua os aspetos únicos da nossa cultura ou que o mundo evolua para uma cultura homogénea, que substitua a identidade nacional.
Compreender a identidade nacional e a relação das pessoas com o seu país é fundamental para a construção da relação das marcas com o seu público. Numa realidade global em que tudo parece igual, quem conseguir chegar até nós, através daquilo de que nos orgulhamos e que nos define terá muito maior probabilidade de merecer a nossa atenção. Vejam-se os casos da Rimmel e a sua promessa de ‘Get the London look’ ou da Air France com a assinatura ‘France is in the air’ e que promete a todos os passageiros da companhia uma pequena experiência de França em cada viagem. Afinal, o que é nacional é bom e nós gostamos muito.