Europa. Elite mundial resume 2017 em cinco grandes riscos

O Fórum Económico teve como palavra de ordem a incerteza. Uma das preocupações é a falta de competitividade da Europa

Donald Trump não esteve presente e ainda assim foi um dos grandes protagonistas da 47ª sessão do Forúm Económico de Davos, que ficou marcado sobretudo por um contexto de incerteza sobre o que será o futuro. A verdade é que este fórum, que contou com mais de três mil participantes e mais de 400 sessões, ficou marcado por cinco importantes pontos, todos eles considerados fontes de grandes riscos de incertezas.

Uma das questões que mais preocupa a elite mundial é, por exemplo, a globalização. Não é um tema que seja novidade nestas reuniões, mas ganhou mais dimensão na sequência dos sentimentos nacionalistas que começam a emergir um pouco por todo o mundo.

Xi Jinping, presidente da China, chegou mesmo a sublinhar que “defender o protecionismo é como prendermo-nos a nós próprios num quarto escuro. A chuva e o vento podem ficar lá fora, mas o ar e a luz também não entram”. Além de que, defende, não faz sentido “culpar a globalização pelos problemas do mundo”. Mas Xi não foi o único a sair em defesa da globalização. Também Christine Lagarde mostrou ter a mesma opinião, ainda que considere que os proveitos da globalização devem ser repartidos de uma forma mais justa.

A diretora-geral do FMI defendeu ainda que, caso as políticas protecionistas prometidas por Donald Trump em campanha venham a ser implementadas, “terão um impacto negativo na economia, ofuscando quaisquer ganhos positivos das medidas de estímulo económico”. Tal política “provavelmente não será positiva”, defendeu Lagarde.

Para além deste tema, a elite mundial acabou por mostrar alguma preocupação quanto ao Brexit, até porque continua a haver muita incerteza quanto ao impacto da saída do Reino Unido da União Europeia. Uma das dúvidas que mais se coloca é se vai continuar a existir ou não abertura do Reino Unido ao negócios. Já para Schäuble, o Brexit não será um grande problema no decorrer deste ano, ainda que acabe por não negar que é muito difícil dizer o que poderá acontecer na Europa em 2017.

União monetária e competitividade

Outro ponto que marcou as discussões de Davos foi o atual estado da União Europeia. Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, foi dos que mais sublinhou que o “principal problema da união monetária é a diferença de competitividade entre os diversos países, que não pode ser resolvido enfraquecendo o mais forte”. Acima de tudo, fica em cima da mesa a necessidade de ter uma Europa “mais competitiva”. Além disso, há uma questão que merece consenso por parte dos líderes mundiais e tem a ver com o facto de os próprios modelos de governação precisarem de uma mudança. Até porque a esta questão soma-se uma outra que tem a ver com o futuro da política monetária mundial e com o papel e capacidade de resposta dos bancos centrais.

Desigualdade preocupa

Uma outra questão que marcou o Fórum Económico de Davos foi o facto da desigualdade se apresentar como sendo um dos maiores riscos para toda a economia global. A questão ganhou ainda mais importância porque na ordem do dia estava um estudo da Oxfam, confederação internacional contra a pobreza, que mostrava que sete em cada dez pessoas vivem num país em que a desigualdade aumentou nos últimos 30 anos. Mais: oito bilionários conseguiram agregar a mesma riqueza do que os 3,6 mil milhões de pessoas que formam a metade mais pobre da população mundial.

A terminar o grupo de questões que mais mereceu atenção por parte dos líderes mundiais esteve o impacto que a tecnologia pode vir a ter na nossa vida dentro de muitos poucos anos, até porque há quem acredite que vai ser possível fazer muito mais, com menos trabalhadores. Sendo que também esta questão tem merecido várias análises, até porque vários investigadores têm chamado cada vez mais a atenção para a rapidez com que a automatização tem mudado o mercado de trabalho.