Fórmula 3. Dinastia Schumacher

Quando o talento passa de pai para filho, a sucessão está assegurada. Aos 17 anos, Mick Schumacher vai disputar o campeonato da Europa de Fórmula 3, o caminho mais rápido para chegar à Fórmula 1 e ser campeão do mundo. Os fãs sonham com isso

Figura inspiradora, o pai passa para os filhos as paixões e, muitas vezes, a profissão. No desporto automóvel, há jovens “leões” tentados a seguir os passos dos progenitores.

A família Schumacher é um bom exemplo. Mick tem um conjunto de características distintivas e particulares semelhantes a Michael Schumacher e revela, igualmente, grande talento ao volante.

Está na fase ascendente da carreira, mas, ao contrário de outros jovens pilotos, não pode contar com a presença e os conselhos do pai, já que o hepta- campeão do Mundo de Fórmula 1 recupera (?) do terrível acidente de esqui, não se sabendo se alguma vez sairá do silêncio perturbador em que caiu há três anos.

A primeira demonstração de talento aconteceu nas corridas de karting, aos nove anos. Para evitar a pressão mediática, Michael Schumacher inscreveu-o com o apelido da mãe, Betsh, e nas corridas era acompanhado pelo avô. O anonimato permitiu-lhe progredir ao seu ritmo, e com toda a discrição.

Mick Schumacher começou a impressionar quando passou para os monolugares. Apesar da juventude, mostrou ser um piloto habilidoso, com uma mentalidade forte e boa formação. Tem tudo para fazer parte da elite mundial. O ano passado disputou os campeonatos de Fórmula 4 em Itália e na Alemanha, venceu dez corridas, e foi vice-campeão nos dois países.

Em 2017, a sua carreira ganha nova dimensão com o europeu de Fórmula 3, escola obrigatória, por onde passaram todos os grandes nomes – 79% dos actuais pilotos de Fórmula 1 disputaram esta competição.

O salto para a disciplina maior do desporto automóvel parece uma mera formalidade, e o jovem alemão não esconde o sonho de seguir as pisadas do pai. «A Fórmula 3 é a próxima etapa na minha carreira. Sei que é um risco, mas os testes que realizei deixaram-me muito confiante, gostei de conduzir o carro. De ponto de vista profissional, esta categoria aproxima-me da Fórmula 1, onde quero chegar dentro de um ou dois anos, e ser campeão do mundo.»

Ter talento é fundamental para se chegar ao topo, mas o apelido – neste caso do piloto mais vitorioso na Fórmula 1 – também ajuda a abrir portas. Ferrari e a Mercedes já andam de olho no Schumacher jr, e os fãs de Michael sonham com a reencarnação do mito.

A Scuderia está atenta ao seu desempenho, e já fez saber que tem toda a disponibilidade para o receber na Ferrari Driver Academy (FDA). “Mick é um rapaz muito bem formado, que está a fazer um bom trabalho e a gerir muito bem a imensa pressão mediática. Ficamos impressionados com a sua evolução. Não sei o que o Mick vai decidir, mas se quiser integrar a academia vai encontrar um tapete vermelho”, disse Massimo Rivola, director da FDA.

Recorde-se que há uma forte ligação entre Michael Schumacher e a Ferrari. Foi com a equipa italiana que o Barão Vermelho – é assim que é tratado entre os “tifosi” – venceu cinco campeonatos do mundo e bateu inúmeros recordes. Se Mick optar pela Scuderia será também uma escolha emocional.

A Mercedes está atenta ao que faz o jovem Schumacher. “O Mick impressionou-me. Como piloto é muito rápido, se continuar a evoluir desta forma pode ter futuro na Fórmula 1. Como pessoa, é simpático, modesto e bem educado, tudo aquilo que um adolescente deve ser” referiu Toto Wolff, patrão da Mercedes. Também aqui há uma ligação entre a marca e Schumacher, já que foi nesta equipa que terminou a carreira, numa altura em que a Mercedes andava longe das vitórias.

Com a Fórmula 1 a perder adeptos e audiências, o regresso do nome Schumacher às grelhas de partida é algo muito bem visto pelos promotores do campeonato.

Mas ter um nome famoso não é tarefa fácil, e o reverso da medalha é duro se não se atingirem as “performances” esperadas. A crítica, por vezes, violenta pode acabar com a carreira de um piloto, por mais célebre que seja o apelido. Pela folha de serviço, não parece que ser o caso de Mick Schumacher.

A questão está em saber se o hepta-campeão alguma vez vai perceber que, afinal, havia outro campeão na família.