O ‘escândalo’ na Taça das oportunidades

Moreirense dos leões Inácio, Geraldes e Podence eliminou o Benfica nas meias-finais da Taça da Liga e disputa final inédita com o Braga.

Fez-se história na Taça da Liga. Não só – mas também – porque o Benfica perdeu um jogo, algo que já não acontecia há praticamente dez anos, mas principalmente porque pela primeira vez a prova terá uma final sem a presença de nenhum dos três grandes do futebol português. Braga e Moreirense disputam o troféu no domingo, no Estádio Algarve: os bracarenses já o conquistaram em 2012/13, sob o comando de José Peseiro, batendo o FC Porto de Vítor Pereira por 1-0; para os cónegos, é a estreia total nestas andanças.

Mas, como se dizia anteriormente, o Algarve assistiu a um enorme pedaço de história na última quinta-feira. A última – e única – derrota do Benfica nesta prova, em tempo regulamentar, datava de 31 de outubro de 2007: 1-2 perante o Vitória de Setúbal – que acabaria por conquistar o troféu nessa primeira edição. Curiosamente, tal como então, também nesta quinta-feira as águias entraram a vencer e permitiram a posterior reviravolta do adversário – no caso do Moreirense, foi a primeira vitória de sempre perante o conjunto encarnado.

Um triunfo todo ele construído em tons de verde – e não apenas por ser essa a cor predominante do equipamento do Moreirense. O 3-1 do Algarve teve como protagonistas principais Francisco Geraldes e Daniel Podence, pérolas da formação… do Sporting – para onde deverão voltar já esta semana. A dupla realizou uma exibição notável, recheada de pormenores de grande classe, que permitiram a Dramé (outro ex-Sporting) e Boateng (ex-Rio Ave… que também veste de verde) materializar em golos as jogadas gizadas pelos jovens leões. Tudo isto, sob a orientação de Augusto Inácio, ex-jogador, treinador, dirigente e comentador leonino, que já havia eliminado o FC Porto na fase de grupos e que na véspera da meia-final prometera «chocar Portugal». Conseguiu-o.

A terminar, outro dado que confere ainda maior relevância ao que irá acontecer no Algarve. Nunca, no século XXI, se havia disputado uma final de uma prova nacional sem clubes grandes. A última vez que tal aconteceu foi em 1998/99, quando Beira-Mar e Campomaiorense se defrontaram na final da Taça de Portugal – os aveirenses, então já despromovidos à II Liga venceram por 1-0 com um golo de Ricardo Sousa, hoje treinador do Lusitano de Vila Real de Santo António.