Martin Schulz vai mesmo concorrer ao cargo de chanceler, pelo Partido Social Democrata (SPD), nas próximas eleições de federais na Alemanha. No domingo, o antigo presidente do Parlamento Europeu confirmou a intenção de desafiar a atual detentora do cargo, Angela Merkel, numa jogada que já era relativamente clara, após a renúncia do líder do partido, Sigmar Gabriel, na passada terça-feira.
“Viveremos um ano eleitoral emocionante”, prometeu Schulz, citado pelo “El País”, num discurso otimista para cerca de mil apoiantes do partido, em Berlim. O seu partido e a CDU, de Merkel, são parceiros de coligação, desde 2013, pelo que o favoritismo da chanceler poderia sugerir que a estratégia do SPD passa por apontar a uma nova parceria governamental. Mas Schulz garante que está na luta pelo cargo de líder do executivo e justifica o seu otimismo pelo “novo entusiasmo” que “rodeia o SPD”.
A candidatura de Schulz não é propriamente uma surpresa. No final de novembro do ano passado anunciou que não iria concorrer a um terceiro mandato para liderar o Parlamento Europeu – foi entretanto substituído no cargo, depois da eleição do italiano Antonio Tajani – uma vez que iria ser cabeça de lista do SPD, nas eleições para o Bundestag. Logo nessa altura se falou que estaria de olho no cargo de Merkel, uma suspeita que se transformou praticamente em realidade, quando Sigmar Gabriel, líder do partido e número dois do governo, revelou que não iria ser candidato a chanceler e se mostrou disposto a apoiar Schulz nessa aventura.
O social-democrata baseia o seu programa eleitoral na promessa de defesa da classe trabalhadora alemã e da busca por mais justiça social e confiança. Para além disso, aponta as armas ao crescimento da extrema-direita, nomeadamente às posições anti-imigração do partido xenófobo Alternativa para a Alemanha (AfD), que qualifica como “uma vergonha para o país”. “As pessoas que fogem das guerras têm o direito de receber proteção e desconfiança contra os refugiados pode tornar-se numa vitória do Estado Islâmico”, defendeu o candidato de 61 anos, antes de relembrar os perigos que podem advir, na Alemanha, se os eleitores decidirem enveredar pelo caminho da intolerância e do nacionalismo excessivo: “Todos os alemães sabem ao que pode levar o nacionalismo cego”.
Merkel continua a ser a principal favorita à reeleição, mas as sondagens sugerem que Schulz não se encontra muito distante da chanceler, nas intenções de voto dos alemães, pese o facto de não exercer qualquer cargo político no seu país, desde o final dos anos 90.