A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) decidou antecipar em três meses o concurso de atribuição de bolsas para 2017 aos investigadores de doutoramento. Esta foi a forma encontrada para se evitar os atrasos que se verificaram este ano, sendo previsível que os investigadores saibam no final do verão se conseguiram uma bolsa, ou não, para o próximo ano letivo.
Em comunicado, a FCT anunciou que as candidaturas para o próximo concurso vão arrancar em março. O que normalmente acontece em junho. Contas feitas, após o prazo das candidaturas (um mês) e a análise dos processos submetidos (90 dias úteis), os resultados do concurso deverão ser divulgados no próximo mês de julho.
Na nota, a FCT – entidade responsável pela atribuição de bolsas de investigação, tutelada pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior – esclarece ainda que a documentação necessária para o concurso de 2017 “será divulgada nos próximos dias”.
Quase o dobro de bolsas de doutoramento em 2016
Para este ano, a FCT aprovou 1.200 bolsas, das quais 800 são para alunos de doutoramento e as restantes 400 para pós-doutoramento. Mais 157 bolsas do que em 2015.
Os resultados ¬ – conhecidos com mais de dois meses de atraso – revelam que em 2016 foram atribuídas quase o dobro das bolsas de doutroamento, em relação a 2015. Nesse ano foram aprovadas 463 bolsas de doutoramento. Mas, para os investigadores de pós-doutoramento houve um corte de 180 bolsas face a 2015.
Segundo o presidente da FCT, Paulo Ferrão, em 2016 deverá ter sido o último ano em que foram aprovadas bolsas para pós-doutoramento. Isto porque em setembro entrou em vigor o decreto-lei estimula o emprego científico para que sejam substituídas as bolsas por contratos de trabalho a termo.
As bolsas da FCT são atribuídas aos investigadores para executarem, em regime de exclusividade, o seu trabalho. Para os alunos de doutoramento em Portugal, as bolsas têm a duração de quatro anos, com um valor de 980 euros mensais mas, o valor do subsídio sobe para os 1.719 euros caso o aluno estude no estrangeiro. As bolsas de pós-doutoramento têm o valor de 1.495 euros em teritório nacional e sobem para 2.245 euros para os investigadores no estrangeiro.
Segundo a FCT, as ciências biomédicas e as engenharias, assim como história e arqueologia e psicologia, são as áreas com mais bolsas de doutoramento e pós-doutoramento aprovadas no concurso de 2016.
O prazo para a divulgação dos resultados do concurso de 2016 foi ultrapassado a 23 de novembro. Na altura, a FCT decidiu prorrogar os resultados até 28 de fevereiro devido ao "volume de candidaturas" e à "complexidade do processo" de avaliação das mesmas.
O atraso levou candidatos a bolseiros a protestarem, nesse mesmo dia, em frente à sede da FCT, em Lisboa.
Uns dias antes, no parlamento, o ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, assumiu a "responsabilidade política" pelos atrasos.