A luta contra o narcotráfico foi a grande bandeira eleitoral de Rodrigo Duterte rumo à eleição para a presidência – prometeu eliminar fisicamente cerca de 100 mil pessoas ligadas ao tráfico de droga, num espaço de seis meses –, pelo que o anúncio de segunda-feira, do chefe da polícia filipina, sobre a decisão do líder do país em suspender essa “guerra”, causou estranheza, mesmo tendo em conta a revelação de que a nova prioridade do governo seria “limpar as fileiras de corruptos” dentro das forças policiais.
Mas afinal a luta contra droga não vai ser interrompida, apenas se substituirão os seus protagonistas. Num discurso perante diversos generais, na terça-feira, Duterte sugeriu que será o exército a assumir o papel da polícia e a liderar o combate, palavras que levaram o ministro da Defesa a contactá-lo, hoje, para formalizar essa intenção.
Desde que foi eleito para o mais alto cargo político das Filipinas, em maio de 2016, Duterte tem colecionado polémicas atrás de polémicas. Aos insultos a Barack Obama e ao Papa Francisco, e à comparação da sua missão de libertação do país dos criminosos com a limpeza étnica, ordenada por Adolf Hitler, o presidente soma ainda um conjunto considerável de confissões impensáveis. Entre aquelas, contou que atirou um homem de um helicóptero em pleno voo e revelou que costumava patrulhar as ruas da cidade onde foi alcaide, durante 20 anos, montado numa mota “à procura de problemas” e de “confrontação”, para “poder matar”.
Calcula-se que mais de 7600 pessoas já tenham morrido desde que Rodrigo Duterte é presidente, vítimas da guerra contra as drogas.