Bruno de Carvalho: ‘Cheguei a correr perigo de vida no Dragão’

No dia do clássico entre Porto e Sporting, o SOL publica uma entrevista ao presidente dos ‘leões’ em que Bruno de Carvalho explica quando se sentiu mais ameaçado e diz que foi uma “inconsciência” durante três anos não ter segurança pessoal. 

“Quando cheguei achei que a coisa até ia ter uma certa piada, porque o futebol tem de ter um bocado de picante, um bocado de espetáculo tipo wrestling. Os americanos têm isso: tudo tem de ter espetáculo. O que é inacreditável é que as pessoas levam aquilo mesmo a peito, a pessoa diz uma piada e transforma-se num perigo ir a esse estádio no jogo a seguir. Com perigo de vida”.

O presidente do Sporting revela também que, ao contrário do que muitos julgam, não é impulsivo e até tem tido um papel “apaziguador”. Por exemplo, acalmando Jorge Jesus. “Preciso do meu treinador no banco comigo”, justifica.

Anda com segurança?

Houve muito tempo, cerca de três anos, em que não. Acho que foi uma inconsciência total, porque tenho família, tenho duas filhas que precisam muito de mim. Neste momento tenho. […] Quando cheguei achei que a coisa até ia ter uma certa piada, porque o futebol tem de ter um bocado de picante, um bocado de espetáculo tipo wrestling. Os americanos têm isso: tudo tem de ter espetáculo. O que é inacreditável é que as pessoas levam aquilo mesmo a peito, a pessoa diz uma piada e transforma-se num perigo ir a esse estádio no jogo a seguir. Com perigo de vida.

Qual foi a situação em que se sentiu mais ameaçado?

Têm sido tantas. Por exemplo quando houve aquele clima mais pesado entre o Sporting e o Porto que se inicia ‘só’ com o dirigente do Porto a ofender-me e a querer bater num dirigente do Sporting, o que é sempre simpático.

Foi em Tavira, não foi?

Sim. Essas idas ao Dragão foram muitíssimo complicadas. Senti de facto perigo. E agora que as coisas estão muito mais acesas com o Benfica começaram os toques à porta, os colégios das minhas filhas… Espero que percebam de uma vez por todas porque é que não me identifico com o futebol. Quando ultrapassamos os limites e vamos para as famílias, para o caráter, para a personalidade, está tudo dito acerca do ser humano que o faz: é um ser humano baixo, é um ser humano que sabe pouco o do que é ser ser humano. Acusam-me das guerras com a arbitragem. Desde o primeiro dia que digo: ‘Os árbitros são pais, são filhos, e merecem ser defendidos, merecem poder ir à rua, ir às compras, ir ao cinema, tem que se criar condições para que estes homens não vivam num clima de terror’. Disse isto N vezes. Para mim, qualquer coisa ou ameaça que se faça à família de Luís Filipe Vieira ou de Pinto da Costa sou absolutamente contra. Há fronteiras que não se passam e no futebol passa-se com toda a facilidade.

Tocou na questão dos árbitros. Estando ali à flor da relva, próximo das equipas de arbitragem, não dirige insultos aos árbitros?

Já disseram muitas vezes que insultei e depois tiveram de voltar atrás. Houve uma vez em que me excedi – uma vez – e achei muito bem terem-me expulso e terem-me castigado. Já o assumi. Em quatro anos tenho tido um comportamento muito mais – e é engraçado porque está tudo filmado e as pessoas até veem, mas não falam disso – tenho tido muito mais um comportamento apaziguador do que um papel desestabilizador. Muitas vezes sou eu que vou e acalmo as pessoas…

Às vezes é preciso acalmar o Jorge Jesus?

O Jorge, os jogadores… Mais a equipa a técnica, porque é o calor do momento, porque preciso do meu treinador no banco comigo, não expulso, e tenho feito muito mais esse trabalho, mas ninguém reconhece. As imagens mostram mas vão sempre pegar naquilo que for mau, nunca conseguem pegar no facto de ter um papel bastante apaziguador. Claro que é muito difícil manter a calma perante alguns erros grosseiros, mas vamos aprendendo a passar tudo. Quando cometo um erro grosseiro você não sabe o que eu faço a mim próprio, não tem noção. Aquilo que eu faço aos outros, faço a mim a triplicar. Agora imagine…

Leia a entrevista completa na edição do SOL deste sábado