O inspetor da Polícia Judiciária (PJ) que atingiu a tiro um juiz em Corroios, no domingo, já foi interrogado.
As autoridades acreditam, apurou o i, que a arma utilizada na carreira de tiro era a arma de serviço do inspetor, não tendo, por isso, seguro.
Esta e outras informações estão agora a ser analisadas pela investigação. Em causa poderão estar, por isso, indícios dos crimes de peculato de uso, exercício de atividade ilegal e ofensas à integridade física.
O i sabe que o juiz Pedro Godinho, que foi já magistrado no tribunal de Setúbal, está livre de perigo, mas ainda terá de ser submetido a cirurgias.
Entretanto, algumas fontes da investigação confirmaram que a carreira de tiro estaria sem licenciamento, o que está a causar mal-estar na Polícia Judiciária, sabe o i.
Acidente
Tudo se terá passado no domingo, quando um inspetor da PJ atirou sobre um magistrado durante uma formação de tiro na Margem Sul.
Segundo o i apurou, em causa está uma instrução numa academia privada em Corroios, a JSR Relance, na antiga Fábrica de Pólvora.
A vítima terá sido hospitalizada e no domingo estava em estado grave, depois de ter sido baleada na barriga. Fontes conhecedoras deste caso explicaram que tudo terá acontecido “de forma acidental durante a manhã”.
O i sabe que o facto de o inspetor estar a dar formação naquele espaço tem provocado algum desconforto dentro da Polícia Judiciária, um mal-estar agora acentuado devido ao próprio espaço ter o licenciamento caducado.
O espaço da propriedade de José Silva Robalo dá formação de tiro desportivo de caça e de lazer.
O magistrado estava a frequentar aulas de tiro, embora esta formação não seja regular na carreira. Algumas fontes próximas deste caso explicaram ao i que estas atividades são paralelas àquelas que a Polícia Judiciária tem competências para ministrar aos magistrados que necessitam dessa formação para a sua atividade.
Alvará terminou em setembro
Há já muitos anos que o instrutor Sacadura exercia funções naquela academia privada, acumulando com o cargo de instrutor de tiro da Polícia Judiciária.
Ainda não foi possível apurar o motivo pelo qual o juiz optou por fazer esta formação na academia JSR Relance, em Corroios.
A academia tem vários protocolos assinados, nomeadamente com a Sociedade de Tiro n.o 2 de Lisboa (Antigo Grupo Pátria), o Clube Português de Tiro Prático e Precisão (CPTPP) e a Associação Cultural Desportiva e Recreativa dos Funcionários da Polícia Judiciária de Setúbal (ACDRFPJS).
O documento que consta online na página da JSR Relance mostra que o seu alvará de carreira de tiro exterior para tiro dinâmico estaria válido até 30 de setembro de 2016. O i sabe agora que não foi renovado.