Um estudo desenvolvido pela UMAR, que tem como amostra 5500 jovens com uma média de idades de 15 anos, revela dados sobre vitimização, sendo que cerca de 19% dos inquiridos, com maior incidência em raparigas, tenham afirmado que foram vítimas de comportamento de violência psicológica.
Em conferência de imprensa, a presidente da UMAR, Maria José Magalhães, sublinhou a importância da realização de estudos e de campanhas sobre violência no namoro, afirmando que “sabendo o que elas e eles pensam, podemos trabalhar a legitimação que é um indicador de uma eventual violência doméstica no futuro”.
O estudo desenvolvido inclui, pela primeira vez, análises sobre violência doméstica através das redes sociais e sobre atos e perseguição. Posto isto, 28% dos inquiridos não reconhece como violência situações de controlo, como é o caso de proibir o companheiro/a de sair ou de falar e estar com amigos, assim como obrigá-lo a trocar de roupa.
Relativamente à violência sexual, 24% legitimam este tipo de violência, 13% consideram normal haver pressão para relações sexuais (sendo a maioria rapazes em relação às raparigas).
Quanto à vitimização, 19% dos inquiridos admitiram terem sido vítimas de violência psicológica, 15% de perseguição, 11% de violência através das redes sociais, 10% de controlo e 6% de violência sexual.
Violência através das redes sociais
O estudo revela que há uma maior prevalência de rapazes a afirmar sofrer desta forma de violência (12%), mas há também raparigas (11%) que dizem ser vítimas.
Sobre o insulto e humilhação 'online', 11% dos inquiridos dizem ter sido vítimas.
"Estes comportamentos de abuso online são inquietantes, na medida em que cruzam aspetos de atos de insulto que se tornam públicos e podem tornar-se virais e ter persistência no tempo, tendo um ‘potencial de dano muito alto e indicam um uso das redes sociais como canais de abuso e opressão’", indica o relatório apresentado.
A UMAR também apresentou uma comparação com os números do ano passado – mas sublinhando que a amostra de 2017, abrange inquiridos de um território mais alargado, uma vez que inclui Portugal Continental e as Ilhas – registando-se um aumento de 10 pontos percentuais na vitimização psicológica (de 9% em 2016 para 19% este ano) e de três pontos percentuais no controlo (de 7% para 10%).
Maria José Magalhães lamentou que "a naturalização da violência esteja presente na sociedade em geral" e lançou alertas aos pais, educadores, docentes e instituições, "a sociedade adulta é responsável pelas mensagens que são passadas à geração seguinte", adiantou a presidente da UMAR.