O Grupo de Teatro de Letras (GTL), um dos mais antigos de teatro académico, corre risco de extinção. A recém-empossada associação de estudantes pretende despedir o encenador Ávila Costa alegando “irregularidades contratuais” e “desinteresse e escassa comunicação por parte do professor para com a AE.”
Ao i, a produtora Teresa Monsanto refuta as acusações e explica que, no primeiro caso, a AE “fala em irregularidades sem mencionar quais”. Sobre a segunda razão, “pessoas próximas da AE espalharam que o professor faltava e recebia um salário muito superior ao real”, contesta, reconhecendo ser “difícil lutar contra uma associação que ganhou há um mês com maioria absoluta”. A resposta é clara: “Temos todas as provas. Eles só têm alegações. Se o caso for a tribunal, eles não têm a mínima hipótese”, assegura. E apesar do risco de extinção, se o processo avançar, “o grupo vai continuar a fazer festas”.
O i tentou obter uma reação da AE ao caso. Sem sucesso. No entanto, a página de Facebook foi inundada por comentários negativos e há mesmo quem acuse esta de ser “a pior associação que já passou pela FLUL”.
A 8 de fevereiro, a AE comunicava a decisão na rede social. “O encenador José Ávila Costa é um funcionário pertencente aos quadros (…) pelo que o processo (…) parte de uma decisão ponderada pela Direção da AE atendendo a diversos incumprimentos contratuais.” No comunicado, a vontade de despedir Ávila Costa é justificada com “incumprimento contratual constante (…) e proveitos que (…) para a comunidade estudantil num todo, têm sido reduzidos e resultam num défice da oferta”.
Para Teresa Monsanto, a verdadeira razão é outra e prende-se com fundos. “A AE está falida. Tem milhares de euros em falta. Discutir funcionários é uma forma de economizar.” E lamenta a forma como o processo foi conduzido: “Foi tudo muito repentino. A AE chamou o professor para duas reuniões, uma para o conhecer e outra para lhe entregar uma minuta com a rescisão do contrato para assinar.”
A produtora acusa a AE de “estar a tentar tirar, sem fundamento jurídico, alguém que ocupa um lugar há 30 anos” e chama a atenção para os problemas de saúde do encenador – “já sofreu ataques cardíacos, tem uma úlcera e, em termos de saúde, é uma pessoa frágil”. No entanto, Ávila Costa continua sob contrato e os ensaios a decorrer. O encenador “está a reagir”, garante.
Ávila Costa tem 64 anos e é o encenador do Grupo de Teatro de Letras desde 1989. “A importância deste grupo está na história”, sublinha Teresa Monsanto, que recorda o prestígio do grupo e figuras como Jorge Silva Melo, Luís Miguel Cintra e Maria do Céu Guerra que dali saíram antes de construir uma carreira conhecida.
Hoje há uma sessão de esclarecimento pelas 16h30 no átrio principal da Faculdade de Letras.