Donald Trump resolveu despir o fato de presidente e voltar ao estilo que o celebrizou durante a campanha eleitoral. Ontem discursou perante uma multidão de apoiantes em êxtase, em Melbourne, na Florida, num evento que serviu para voltar a atacar ferozmente os grupos de comunicação dos EUA e os opositores da ordem executiva por si assinada, que pretende suspender o acolhimento de refugiados e vetar a entrada de cidadãos oriundos de sete países de maioria muçulmana no país.
No meio das críticas à imprensa “desonesta”, que se recusa a “relatar a verdade” e que tem uma “agenda própria”, pese ter sido “derrotada nas primárias (…) e na eleição geral”, Trump elencou os diversos atentados terroristas dos últimos tempos, ocorridos em solo europeu, para justificar a intenção de reforçar as fronteiras dos EUA e impedir a entrada de refugiados. Falou da Alemanha, de Nice, de Paris, de Bruxelas e ainda se mostrou estupefacto pela ocorrência de um ataque na Suécia.
“Vejam o que aconteceu ontem à noite [sexta-feira] na Suécia. Na Suécia, quem acreditaria numa coisa destas? Na Suécia!”, exclamou Trump, citado pela Fox News, antes de apontar as causas para o suposto atentado: “Receberam grandes quantidades [de refugiados]. Estão a ter problemas que nunca acreditaram ser possíveis”.
Mas no território sueco não se tinha verificado qualquer ato de terrorismo, e o presidente dos Estados Unidos – que acabara de acusar a imprensa de “inventar” fontes e testemunhas para difundir notícias falsas, reforçando as críticas que havia feito no Twitter, no dia anterior, ao “New York Times, à NBC News, à ABC, à CBS e à CNN, catalogando-os como “inimigos dos americanos – foi rapidamente alvo de paródia na internet e nas redes sociais pela “invenção” de um ataque terrorista.
Sweden? Terror attack? What has he been smoking? Questions abound. https://t.co/XWgw8Fz7tj
— Carl Bildt (@carlbildt) February 19, 2017
Centenas de suecos negaram a ocorrência do ataque, através da partilha de imagens e mensagens, no Twitter e Facebook, recheadas de humor. O ex-primeiro-ministro Carld Bildt perguntou mesmo a Trump o que é que esteve a fumar em Melbourne.