“Era um homem de extraordinária coragem”, diz Manuel Alegre, que conheceu bem José Nogueira. “Estive com ele em Argel, onde trabalhou como motorista. Tínhamos em comum o gosto pela caça e pela pesca. Foi do PCP, mas acabou por sair. Também era amigo de Pinheiro de Azevedo e fez parte da Junta Patriótica. Quando da tentativa de golpe de 1977, em Luanda, foi dos primeiros a surgir ao lado de Agostinho Neto. Profundamente discreto, era daqueles homens que mudava a História mas que se punha à margem dos acontecimentos”.
Em 1962, Agostinho Neto estava em Lisboa. Preso. Primeiro no Aljube. Depois passou a regime de residência fixa. Seria José Nogueira a tratar das disposições para a sua fuga, a 30 de Junho, num plano em cuja génese estiveram os seus camaradas Dias Loureiro, Blanqui Teixeira e Arménio Loureiro, todos afectos ao PCP. Primeiro-tenente da Armada Portuguesa, José Nogueira ficou com a incumbência de aquirir um pequeno iate de recreio e mantimentos capazes de garantir a viagem até Tânger, em Marrocos. Mais tarde, conduziria também o dirigente do MPLA até Argel.
Foram sempre ligados. José Nogueira estaria em Angola, após a independência, durante vários anos, tendo depois da morte de Agostinho Neto regressado a Portugal onde levou uma vida fora de todos os protagonismos.