Turquia. Líder pró-curda perde lugar no parlamento

Yuksekdag acusada de liderar “propaganda de terror” em 2013

Figen Yuksekdag, co-líder do Partido Democrático do Povo (HDP), perdeu o seu lugar como deputada no parlamento turco, depois de um tribunal a ter declarado responsável por fazer “propaganda de terror”, em novembro de 2013. Segundo a decisão judicial, a agora ex-deputada proferiu cânticos de incitamento à violência, durante o funeral de um “terrorista”.

Yuksekdag encontra-se detida desde o início de novembro do ano passado e as acusações que enfrenta podem resultar num total de 180 anos de prisão, caso seja declarada culpada por todos os crimes. A líder do partido pró-curdo nega todas as acusações e conta com o apoio do HDP. Num comunicado partilhado na quarta-feira, o partido garante que a decisão judicial, divulgada no site do órgão legislativo da Turquia na terça-feira, é “inconstitucional” e aponta o dedo ao regime liderado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan. “A revogação do mandato no parlamento atropela uma vez mais a Constituição e é uma tentativa de oferecer uma imagem de legalidade a uma decisão política”, acusa o HDP.

Selahattin Demirtas, o outro líder do partido pró-curdo que também se encontra detido desde o final do ano passado, enfrenta as acusações semelhantes às de Yuksekdag e foi ontem condenado a cinco meses de prisão, por “insultos à nação turca”.

 A Turquia decretou estado de emergência em julho de 2016, depois de uma tentativa falhada de golpe militar ao poder e o presidente Erdogan tem sido acusado, desde essa altura, de estar a aproveitar a ausência da necessidade de controlo parlamentar, para proceder a afastamentos e detenções de opositores políticos, sem ligações aparentes ao plano de golpe de Estado.