O jogador do Sport Lisboa & Benfica esteve quase uma dezena de dias em Portugal a assimilar os bons resultados dos últimos meses, designadamente no Pro Golf Tour, uma das terceiras divisões do golfe europeu, onde tem estado a dar cartas, sendo o atual 2º classificado da respetiva Ordem de Mérito.
Andou a «treinar o golfe, treinar o físico, não joguei torneios do Algarve Pro Golf tour porque poderia depois ter uma carga competitiva demasiada e também era necessário treinar um pouquinho aquilo de que estava a precisar», disse ao Gabinete de Imprensa da FPG o português de 25 anos.
No final da época de 2017 deste circuito germânico, que passa por África quando as condições meteorológicas ainda não permitem fazê-lo na Alemanha, os cinco primeiros do ranking receberão o cartão para o Challenge Tour, a segunda divisão do golfe profissional europeu e nunca é demais recordar que foi assim, como nº1 deste circuito, que Martin Kaymer iniciou uma ascensão que o levou ao posto de nº1 do ranking mundial.
“Figgy” jogou quatro torneios do Pro Golf Tour em 2017 e os resultados foram bastante animadores: 2º no Red Sea Egyptian Classic (-10), 6º no Red Sea Ain Sokhna Classic (-13), 13º no Open The Tony Jacklin (-9) e 2º no Open Casa Green Golf (-13).
Nestes quatro eventos, só por uma vez não ficou no top-10 e curiosamente foi naquele em que até liderou nos dois primeiros dias.
Depois de ter conquistado um título do PGA Portugal Tour no final da época passada e de já ter somado esta temporada (2016/2017) dois troféus no Algarve Pro Golf Tour, não parece estar muito longe o seu primeiro sucesso no Pro Golf Tour.
Repare-se nos cartões que entregou nestes quatro torneios, que decorreram no Egito e em Marrocos: 67+71+68; 70+68+65; 64+71+72; 68+68+67. Todos os campos eram de Par-72, o que significa que nunca jogou acima do Par e que em 12 voltas fez 11 delas abaixo do Par, com um agregado fabuloso de -45!
«Tenho sido muito consistente nestes últimos tempos. Desde que o ano começou, creio que só fiz uma volta acima do Par, na Quinta do Lago. É importante porque demonstra consistência», analisou o profissional do Quinta do Peru Golf & Country Club.
É impossível que todos os dias de golfe sejam bons mas essa está a ser a grande diferença em Pedro Figueiredo. Nestes últimos quatro meses, quando tem um “dia não”, agarra-se ao jogo e limita os estragos no cartão.
«É lógico que há dias em que não me sinto tão bem, mas, mesmo assim, tenho conseguido resultados razoáveis nesses dias. Era algo que estava a faltar-me no passado. Quando não estava bem fazia umas 4 ou 5 pancadas acima do Par. Neste momento, num dia desses, consigo fazer resultados que não me prejudicam demasiado. Lembro-me de que quando era mais novo, essa era uma das minhas características, era muito consistente e parece que estou a voltar a sê-lo», esmiuçou o representante da Navigator.
Durante o último Portugal Masters, em outubro, Pedro Figueiredo insistiu bastante no treino do drive e de madeiras com o seu treinador galês, David Llewellyn e no último Madeira Islands Open BPI, em 2015, o sueco Pontus Widegren, que foi companheiro do português na famosa equipa da Universidade de Califórnia Los Angeles (UCLA), disse-nos que «o Pedro tem um jogo curto mágico, dos melhores que vi na vida, mas parece-me que o seu jogo comprido está desregulado e isso coloca demasiada pressão em cima do seu ponto forte e ele acaba por fraquejar».
“Figgy” concorda totalmente com a teoria do seu antigo colega de equipa: «Eu próprio sentia, quando estava a fazer resultados bastante negativos, que o meu jogo curto continuava bom. Sentia o jogo de ferros e de putt em bom nível, só que não tirava o máximo partido dele porque estava muitas vezes em situações bem difíceis e, por muito que lutasse, isso provocava-me resultados de 4, 5 ou 6 acima do Par. A grande diferença nestes (bons) resultados (recentes) deve-se ao jogo comprido, porque está muito mais consistente, não me tenho metido em problemas, sobretudo do tee, onde estava a perder mais pancadas. Agora estou a manter-me muito mais em jogo, o meu jogo curto continua bom e tem sido o comprido que tem diferenciado os resultados».
Um dos aspetos de que não se tem falado muito nesta reviravolta que está a operar-se na carreira profissional do campeão nacional de 2013 prende-se com a sua decisão de ir morar em 2015 para o Algarve, à procura de um ambiente de golfe profissional mais competitivo e de quebrar algum isolamento que o afetava.
Os irmãos Hugo e Ricardo Santos têm sido um apoio fundamental mas é paradoxal que o seu maior amigo no golfe, Ricardo Melo Gouveia, tenha saído do Algarve para Londres pouco tempo depois.
A distância geográfica não os tem separado e nas redes sociais trocam incentivos mútuos de cada vez que um deles obtém um bom resultado:
«Puxamos muito um pelo outro. Sinto que ele quer que eu jogue o melhor possível e eu também estou sempre a torcer por ele. Somos grandes amigos e isso ajuda-nos muito, sabermos que temos ali um amigo e um jogador de golfe que puxa por nós. Eu adoro sentir isso da parte do “Melinho” e acho que ele também sente isso da minha parte. É bom gozar desse apoio de qualquer pessoa, de todas as pessoas, mas ainda mais dos nossos grandes amigos e sobretudo de um grande profissional de golfe como ele. Falamos muito, sobretudo por telefone, ele vive em Londres, não nos vemos muito, mas continuamos muito próximos».
Na Taça Manuel Agrellos, em dezembro, constituíram um dos pares da seleção da PGA de Portugal e em maio é muito provável que estejam juntos de novo no 55º Open de Portugal @ Morgado Golf Resort, no qual Ricardo Melo Gouveia tem lugar garantido e Pedro Figueiredo espera com toda a naturalidade receber um dos sete convites que a PGA de Portugal tem à sua disposição para profissionais portugueses.