Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infraestruturas, adiantou esta quarta-feira, na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, que o facto de o Aeroporto Humberto Delgado estar perto do limite da capacidade obrigou o governo a “tomar decisões rápidas relativas à expansão da capacidade”.
Mais uma vez, o ministro sublinhou que existiam falta de estudos e os que existiam tinham sido realizados pela concessionária. E, passados anos a estudar a matéria, voltou a destacar que “faltavam estudos do lado do Estado, e este não podia prescindir de avaliar de modo próprio, e exclusivamente com o interesse púbico em mente, as opções estratégicas para o país”.
O governo já tinha falado várias vezes sobre os estudos que tinham sido feitos no ano passado, mas agora é que foram enumerados os pontos que mereceram atenção. De acordo com Pedro Marques, foram executados estudos de procura; de avaliação das alternativas e a sua articulação com a gestão do tráfego aéreo; estudos de capacidade e análises de compatibilização das soluções com as operações da Força Aérea. Este último é enumerado, apesar de a Força Aérea achar necessário que o impacto na operação militar seja estudado de forma aprofundada e independente. Cenário que faz com que seja entregue um estudo sobre o tema ainda este ano.
Acima de tudo, Pedro Marques sublinhou que se trata da solução que financeiramente é mais comportável: “O custo pode ser integralmente suportado através das receitas aeroportuárias, mantendo a competitividade destes aeroportos face aos principais aeroportos concorrentes”.
Além disso, é ainda destacado o facto de o Montijo ser uma solução que “permite o desenvolvimento harmonioso da Área Metropolitana de Lisboa porque reparte o desenvolvimento pelas duas margens do Tejo”.
Pedro Marques lembrou ainda que margem Sul, em dez anos, poderá estar a mover metade dos passageiros que a Portela está a gerir atualmente.
Estudos causam espanto
O governo apontou o Montijo como a melhor solução para o problema que diz existir na Portela e que tem a ver principalmente com o facto de estar a atingir o limite da sua capacidade. Mas, para a Ryanair, escolher o local não é suficiente. A companhia estranha que o governo estime que sejam necessários quatro anos para que a Base Militar nº6 fique apta a ser um aeroporto complementar de Lisboa.
O ideal, para a companhia, era que a pista complementar estivesse operacional já no próximo ano: “Não percebemos porque o governo precisa de esperar quatro anos a estudar para abrir o aeroporto”.
Em tom de brincadeira, Michael O’Leary, presidente executivo da companhia, garantiu mesmo que se o estudo fosse pedido à Ryanair estaria pronto em poucas horas: “Porque não telefonaram para a Ryanair? Poderíamos ter-lhes dado esse estudo até à hora de almoço”.