François Fillon, o candidato presidencial do centro-direita francês, viu-se forçado a cancelar um discurso de campanha agendado para a manhã desta quarta-feira. A equipa do antigo primeiro-ministro não o admite, mas a imprensa francesa indica que o candidato foi convocado para prestar declarações aos procuradores que investigam se, ao longo de mais de dez anos, Fillon pagou ordenados de dezenas de milhares de euros à sua mulher e filhos por empregos que parecem não ter desempenhado.
A campanha cancelou a sua paragem pelo Salon d’Agriculture de Paris sem oferecer justificações, informando, contudo, que Fillon regressaria a público no final do dia, para discursar na sua sede. Minutos depois, o site de investigação Mediapart noticiava que a sua mulher, Penelope, no centro do escândalo por pagamentos indevidos, fora detida pela polícia, algo que acabou por ser desmentido por fontes judiciárias, que avançam a vários órgãos, por outro lado, que é o próprio François Fillon quem tem de responder esta quarta aos investigadores.
O centro-direita francês tenta há semanas que Fillon abandone a corrida, cuja primeira volta está marcada para finais de abril. Algumas sondagens indicam que a maioria dos franceses prefere vê-lo de fora das eleições, embora não pareça existir um outro nome à altura no partido de centro-direita, Les Republicains, nem tão-pouco seja evidente que o antigo primeiro-ministro esteja condenado à derrota. Fillon, aliás, combate hoje pelo segundo lugar com o independente Emmanuel Macron, ambos procurando um combate a sós com a líder Le Pen, em maio.
As análises são consensuais: quem quer que seja a enfrentar Le Pen na segunda volta tem o caminho quase assegurado para o Eliseu. Fillon assegura que as acusações contra ele e a sua família são orquestradas pela esquerda francesa, que está a ser vítima de uma “tentativa de assassinato político” e que só se afastará da corrida se for formalmente acusado. No fim de semana, a campanha do centro-direita recebeu uma notícia ambígua: os procuradores a cargo da investigação preliminar decidiram avançar para uma investigação formal, que, contudo, não acabará antes das eleições.