O candidato do centro-direita francês às presidenciais assiste esta quinta-feira a um grande êxodo da sua campanha, de onde dezenas de funcionários e apoiantes se demitiram em poucas horas, em protesto contra a sua decisão de se manter como candidato ao Eliseu, apesar de estar prestes a ser acusado pelo pagamento indevido de dezenas de milhares de euros á sua mulher e filhos.
O jornal “Libération”, ligado à esquerda francesa, avança esta quinta-feira que se demitiram já mais de 40 membros da campanha. Respondendo à crise, Fillon reafirmou esta tarde que continua vivo, não vai desistir da campanha e que “a base, essa, mantém-se”. "Confio nos franceses", disse o candidato, esta quinta-feira numa ação de campanha em Nîmes, mas com os olhos postos numa grande demonstração de apoio, em Paris, no domingo.
Por enquanto parece não ter adversários. A equipa do segundo classificado nas primárias dos Les Republicains, Alain Juppé, que muitos vêm como o mais viável substituto para François Fillon – o outro seria Sarkozy, mais polémico –, afirmou esta quinta-feira que o seu homem se mantém fiel ao candidato e que no domingo participará no grande evento de campanha destinado a relançar – pela enésima vez – a campanha do antigo primeiro-ministro.
No entretanto, a campanha dos Les Republicains esvazia-se de pessoas ligadas aos outros candidatos nas primárias. A maior sangria vem de pessoas próximas a Juppé e, sobretudo, a Bruno Le Maire, também ele derrotado por Fillon mas, até quarta-feira, um dos seus mais importantes pilares no partido.
Uma sondagem publicada esta quinta-feira pela Elabe, aliás, dá François Fillon com 19% e em terceiro lugar, fora, portanto, da segunda volta, em maio, onde se decidirão as eleições e se espera que o centro europeísta se una em torno do rival de Marine Le Pen para lhe negar a presidência. Em segundo lugar está Emmanuel Macron, com 24%, e, na primeira posição, Le Pen, com 27%.
A derrocada da já frágil campanha de Fillon e Republicains começou na quarta-feira. O candidato do centro-direita foi convocado pelos juízes que investigam o caso dos pagamentos indevidos e notificado de que no próximo dia 15 será presente a tribunal para – provavelmente – ser acusado.
Fillon prometeu em janeiro afastar-se da corrida caso fosse formalmente investigado, algo que já acontece, mas na quarta-feira recusou uma vez mais abandonar a campanha, dizendo estar a ser vítima de um “assassinato político” movido pela esquerda. O “Nouvel Observateur” sugere que Fillon pode faltar à audiência.