BCP. Lucros em queda de quase 90% para perto de 24 milhões de euros

Resultado deveu-se ao aumento do nível de imparidades de crédito. Adesão a veículo de resolução do malparado só depois de pormenores

O BCP teve um resultado líquido de 23,9 milhões de euros no ano passado, um recuo de 89,8% face ao lucro de 235,3 milhões de euros em 2015.

A queda de 90% do resultado líquido deveu-se ao aumento do nível de imparidades de crédito, constituídas para reconhecer eventuais perdas futuras em créditos concedidos, que subiram 36,6% para 1116,9 milhões de euros.

“Excluindo este efeito, o resultado líquido teria sido positivo em 97,6 milhões de euros em 2016, comparando com um prejuízo de 22,2 milhões de euros em 2015”″, refere o banco em comunicado.

A maioria destas imparidades é reconhecida na atividade em Portugal, o que originou um prejuízo de 157,3 milhões de euros, contrariando o lucro de 44,2 milhões em 2015. A atividade internacional teve um lucro de 172,8 milhões de euros em 2016.

“Foi um resultado no ano marginalmente positivo, com um quarto trimestre bastante mais favorável do que nos trimestres anteriores”, realçou o presidente do BCP na conferência de imprensa de apresentação das contas de 2016, em Lisboa.

Nuno Amado salientou que o BCP conseguiu um resultado “positivo em 24 milhões de euros, não obstante o reforço muito importante de imparidades” e “com uma evolução claramente favorável excluindo itens não habituais”.

Indicadores

No ano passado, a margem financeira (diferença entre juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos) do BCP foi 1230 milhões de euros, mais 3,3% que em 2015, enquanto as comissões baixaram 2,5% para 643,8 milhões de euros.

Em 2016 os custos operacionais da instituição financeira baixaram 23% para os 780 milhões de euros e antes de impostos o resultado foi negativo em 281,3 milhões de euros.

Já o crédito a clientes recuou 6,6% para 51758 milhões de euros no ano passado penalizado pela queda do segmento empresas e também do segmento dos particulares.

Nuno Amado, nota que no último ano houve a “manutenção do ritmo muito elevado de decréscimo dos créditos em Portugal, ascendendo em média a 1,4 mil milhões de euros por ano desde 2013”.

O banco liderado por Nuno Amado salienta ainda a redução significativa da exposição a créditos em risco, mas também ao malparado. “Há um aumento muito importante da cobertura por provisões, de 31% para 39%, e da cobertura total”, diz.

O presidente do BCP disse ainda que o banco só vai tomar uma decisão relativamente à adesão de um veículo para resolver o problema do crédito malparado na banca portuguesa depois de conhecer os seus detalhes.

Já os depósitos subiram de 48993 milhões de euros para 49010 milhões em um ano.

 

Novo Banco O BCP realizou em fevereiro um aumento de capital de 1,33 mil milhões de euros, que foi totalmente subscrito.

“Estou seguro de que quem investiu vai ser recompensado a prazo”, afirmou Nuno Amado, destacando que 40% do capital do banco está nas mãos de clientes do retalho.

“Temos um bloco de acionistas do retalho português muito relevante que é importante assinalar”, afirmou.

O banqueiro disse ainda ser importante que a venda do Novo Banco não traga mais custos para o Fundo de Resolução e que a solução seja equilibrada para não distorcer a concorrência. Amado acrescentou que esta não pode significar “qualquer responsabilidade adicional” para este fundo.