Escolhido pelo órgão legislativo da União Europeia como seu principal representante nas negociações com o Reino Unido, com vista ao abandono dos britânicos, Guy Verhofstadt veio a terreiro defender a necessidade de se dar prioridade à garantia dos direitos e benefícios adquiridos por todos os cidadãos oriundos daquele país, que residem nos restantes 27 Estados-membros da organização comunitária.
Numa entrevista dada esta sexta-feira à BBC, o líder do grupo parlamentar europeu Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE) afirmou que benefícios como o livre-trânsito dentro do espaço europeu ou o direito ao voto para o Parlamento Europeu devem ser assegurados e não podem «fazer parte de jogos políticos».
«Temos de tentar perceber que tipo de mecanismo podemos criar para esses cidadãos, que querem manter a sua relação com a UE», disse Verhofstadt, no programa BBC Radio 4’s Today, contando ter recebido milhares de cartas de cidadãos do Reino Unido que sentem que irão «perder parte da sua identidade», após o Brexit.
O eurodeputado belga deixou ainda um aviso, ao recordar que o Parlamento Europeu tem direito de veto sobre qualquer acordo alcançado entre o Theresa May e a Comissão Europeia.
E se Verhofstadt oferece uma imagem pessimista da saída dos britânicos da União – catalogou a decisão resultante do referendo de junho como uma «tragédia», um «desastre» e uma «catástrofe» – o Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker opta pelo discurso inverso, lembrando que o Brexit não significa «o final da UE» e mostrando-se esperançoso em ainda poder ver o Reino Unido «voltar a entrar no barco».