Ganhou, com uma estratégia segura e serena, logo à primeira volta das eleições presidenciais.
Conquistou, desde o primeiro dia, a simpatia, e também a consideração, das portuguesas e dos portugueses.
Buscou, desde a primeira hora, os compromissos necessários para o Governo em funções exercer o seu mandato no quadro das atribuições constitucionalmente definidas e delimitadas a partir da revisão constitucional de 1982, precisamente aquela que redistribuiu as competências do Conselho da Revolução. E num tempo em que o ministro dos Assuntos Parlamentares do Governo da Aliança Democrática era… Marcelo Rebelo de Sousa!
Procurou, desde o primeiro instante, muitas vezes com a subtileza da gestão externa do silêncio, que algumas opções governamentais fossem atenuadas e, porventura, e em certos casos seriamente repensadas.
Soube, como poucos na democracia dos últimos quarenta e três anos, combinar afeto com sorriso, confiança com esperança, proximidade com serenidade.
Foi, acredito, uma verdadeira ‘fábrica de consensos’. Combinando a representação com a consciência relevante da comunicação. Sabendo utilizar, com aguda subtileza, as redes sociais. Sabendo ir ao encontro da consciência do poder de proximidade. E também da relevância do poder simbólico neste mundo em constante transformação.
E, assim, percorreu milhares de quilómetros. Na redescoberta do Portugal que ‘mexe’ e na procura do Portugal que sofre. E, igualmente, na promoção de Portugal no mundo. Foi embaixador e foi ‘visitador’. Foi ‘procurador’ e foi ‘provedor’. Foi formador e continuou, em certos momentos, a ser ‘Professor’. Sempre Professor Marcelo!
Sorriu com a eleição de António Guterres para Secretário Geral da ONU e deu voz a caras sem amparo e a causas pouco conhecidas ou reconhecidas.
Mas, acima de tudo, foi ele. Como sempre foi. Próximo e disponível. Conhecedor e informado. Sincero e desprendido. Amável e afável.
Acredito que foi um ano bem cansativo. Com dias esgotantes. Com noites muito mal dormidas. Ou ainda mais… mal dormidas.
Há alguns, principalmente na sua área política de origem, que gostavam, do fundo do seu coração, que os poderes presidenciais fossem outros ou exercidos de forma diferente. Ou mesmo interpretados de acordo com as ‘suas conjunturais necessidades’. Como se o poder não fosse relação e competição, E há até alguns que, decerto para afirmarem alguma autonomia em razão de laços de proximidade presidencial, tecem opiniões de distanciamento acerca de legítimas opiniões públicas de Marcelo Rebelo de Sousa.
E há outros, bem menos acredito, nas áreas próximas da conhecida e reconhecida ‘gerigonça’ – por ora… – que não apreciam ou as repetidas selfies ou, então, alguma subtil colaboração presidencial em áreas sensíveis da governação.
E uns e outros, aliados na desconfiança, estão mais próximos do que se julga. Mas como nos recorda, neste tempo de poder global e de crescente influência na Europa e no mundo, um provérbio chinês ‘o homem reto não teme que a sua sombra seja sinuosa’!
Já que o que fica, o que fica mesmo, são 367 dias de efetiva proximidade do Presidente Marcelo com o Povo real desta concreta República.
Fernando Seara, Advogado