Dez mil portugueses pediram para ficar barrados nos jogos online

No último ano, houve quase dez mil portugueses que pediram para ficar impedidos de ter acesso aos jogos online. Um número “surpreendentemente elevado”, aponta João Goulão, diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD). 

No último ano, houve quase dez mil portugueses que pediram para ficar impedidos de ter acesso aos jogos online. Um número “surpreendentemente elevado”, aponta João Goulão, diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD). 

Entre os dez mil pedidos encontra-se uma pequena percentagem de casos que foram feitos de forma inadvertida. Ou seja, as pessoas carregaram inadvertidamente no botão que permite essa opção. No entanto, refere João Goulão, em entrevista à Lusa, a maioria destes pedidos vem de pessoas que temem a dependência ou já tiveram problemas de adição.

O responsável adianta ainda que  o número é surpreendente, e que está bastante acima dos pedidos de pessoas que pedem para que sejam barradas em casinos ou noutros locais de jogo mais tradicionais.

O jogo e apostas online estão regulados e legalizados em Portugal desde junho de 2015. Só desde então é possível fiscalizar as empresas do setor.

João Goulão diz que outra das vantagens da legalização passa pela clarificação das regras e critérios necessários para autorizar, ou não, os operadores de jogo. 

Sobre os casos de dependência de jogo, o responsável refere que há poucos pedidos de ajuda especificamente ligados a esse vício, que pode estar associado a outras adições. Há casos em que “alguém que pede ajuda para um problema de alcoolismo, mas quando se começa a esgravatar um pouco as condicionantes e condições de vida percebe-se que ali também há um problema relacionado com o jogo, que normalmente é mantido escondido da família”, exemplificou João Goulão.

Jogo online é “mundo novo” para SICAD 

O jogo foi a última área a entrar na alçada do SICAD. Inicialmente o SICAD – anterior Instituto da Droga e da Toxicodependência – dedicava-se apenas às substâncias ilícitas. Mais tarde, juntou-se o álcool às competências deste organismo público, que conseguiu acordo quanto às mensagens a passar para reduzir vícios.

O SICAD passou a supervisionar o jogo há menos de dois anos. Por isso, João Goulão diz que ainda é necessário estudar a realidade deste “mundo novo”, ouvir os especialistas internacionais e os parceiros da área. “Em relação ao jogo estamos ainda numa fase incipiente, mas que nos remete para isso. O apelo ao jogo responsável é uma atitude que podemos comparar a um ‘beba com moderação’”, exemplificou.

O diretor do SICAD considera que é evidente que as empresas de jogos querem que as pessoas joguem, mas acredita que são também sensíveis à necessidade de desenvolver formas de jogo que não induzam adição e sofrimento à população.