Marcadas para o próximo dia 16, as eleições para a presidência da Confederação Africana de Futebol (CAF) estão envoltas em dúvidas e em polémicas. Dois candidatos para o escrutínio de Adis Abeba, na Etiópia: Issa Hayatou, camaronês, há 29 anos consecutivos à frente do organismo, e Ahmed Ahmed, de Madagascar, o rosto da mudança.
A verdade é que, a pouco e pouco, as garras da justiça se têm cerrado em redor de Hayatou. No Egipto – país que onde se situa a sede da CAF – foi-lhe recentemente levantado um processo por suspeitas de corrupção no negócio que o fez entregar à Lagardére Sports, uma empresa francesa de comunicação, os direitos de transmissões televisivas referentes a todas as competições realizadas sob a égide da Confederação Africana.
Hayatou é igualmente acusado de monopolização, acusação essa que se baseia num segundo contrato, com a duração de doze anos, assinado nos mesmos termos do que o anterior – duração, 8 anos – com a Lagardére Sports, no valor de mil milhões de dólares, ignorando uma oferta feita pela PresentationsSports, uma empresa concorrente, que punha sobre a mesa mais 200 milhões de dólares. A primeira sessão do julgamento terá lugar noCairo, hoje mesmo, embora sabendo-se que Issa Hayatou não estará presente, ocupado com as tarefas para a sua reeleição.
Julho As últimas investigações sobre os negócios levados a cabo pelo presidente da CAF tiveram início no mês de Julho do ano passado e foram da responsabilidade da Egyptian Competition Authority, uma agência governamental, que decidiu pela revogação do contrato assinado entre a Confederação Africana e a Lagardére Sports, decisão essa que Issa Hayatou pura e simplesmente ignorou. A queixa subiu, então, para a Common Market Eastern and Southern Africa (COMESA), que avançou com medidas processuais contra o presidente da CAF e contra o seu secretário-geral, Hisham Hamrani. A justiça egípcia considerou que havia motivos para levar o caso a tribunal e, dessa forma, Hayatou será mais um dos dirigentes da FIFA (vice-presidente) a estar sob os holofotes da corrupção após o caso que envolveu o antigo presidente do organismo, Joseph Blatter, cuja situação ainda espera sentença na Suíça e nos Estados Unidos.
É neste estado de guerra que Ahmed Ahmed pretende surgir como voz activa contra actividades suspeitas no seio da CAF. A sua candidatura apresenta-se com ideias fortes em relação aos acontecimentos que rodeiam o seu adversário eleitoral – “Todos os contratos a longo termo serão banidos. Todos os negócios que envolvem direitos televisivos e marketing devem ser pormenorizados e divulgados publicamente. A transparência acima de tudo!” Uma posição de revolta perante uma presidência que dura desde 1988, mas que parece, apesar de tudo, estar demasiado enraízada para acabar de um dia para o outro.