A vitória de ontem do Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD), do primeiro-ministro Mark Rutte, nas eleições legislativas na Holanda, e o resultado, aquém do esperado, alcançado pelo Partido da Liberdade (PVV) de Geert Wilders, encheram de satisfação algumas das principais figuras da União Europeia e líderes dos maiores países do Velho Continente. A maioria das reações não esconde o sentimento de alívio pela derrota da extrema-direita, que teima em ameaçar o establishment europeu.
Jean-Claude Juncker, por exemplo, considerou que o desfecho da corrida eleitoral de ontem foi uma vitória dos holandeses que apoiam as “sociedades livres e tolerantes”, enraizadas nos “valores que a Europa defende”. Numa carta publicada, esta manhã, no Twitter, o presidente da Comissão Europeia rotulou ainda o resultado como “uma inspiração para muita gente”.
Congratulations to my friend @markrutte for his clear victory yesterday night. Laten we samen bouwen aan een sterk #Europa! pic.twitter.com/euckESZkoo
— Jean-Claude Juncker (@JunckerEU) March 16, 2017
Se Juncker foi subtil nas recomendações aos próximos países que irão às urnas – a França decide a escolha do próximo presidente no final de abril (primeira volta) e início de maio (segunda volta) e a Alemanha vota um novo chanceler e Bundestag em setembro –, o líder do grupo parlamentar europeu Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE), não teve problemas em apontar o dedo e garantiu que a derrota de Wilders é um aviso à Frente Nacional francesa. “As pessoas querem políticos construtivos e de confiança para governar os seus países. É por isso que Le Pen também vai falhar”, escreveu Guy Verhofstadt nas redes sociais.
People want constructive and reliable politicians to govern their country. This is why Le Pen will also fail. https://t.co/iIjbvrgqqZ pic.twitter.com/4qM9jD8zuE
— Guy Verhofstadt (@GuyVerhofstadt) March 16, 2017
O presidente François Hollande também utilizou o Twitter para reagir ao triunfo de Rutte e congratulou o primeiro-ministro pela “vitória clara contra o extremismo”, ao passo que Angela Merkel, citada pelo britânico “Guardian” catalogou o resultado como “muito pró-europeu”. Numa conferência esta manhã, a chanceler alemã descreveu o dia de ontem como “um bom dia para a democracia”. Já Martin Schulz, o seu adversário na corrida à liderança do governo e ex-presidente do Parlamento Europeu, confessou ter ficado “aliviado” com os resultados eleitorais na Holanda.
Je félicite chaleureusement @markrutte pour sa nette victoire contre l'extrémisme.
— François Hollande (@fhollande) March 16, 2017
Recorde-se que o partido eurocético e anti-islão de Geert Wilder conquistou 20 deputados, ontem à noite, e ficou na segunda posição da eleição do partido liberal de direita de Mark Rutte, que elegeu 33 representantes. Os cristãos democratas do CDA (19 deputados), os progressistas liberais do D66 (19 deputados), os verdes do GroenLinks (14 deputados) e os socialistas do SP (14 deputados) já se mostraram indisponíveis para formar governo com o PVV, pelo que a constituição obrigatória de uma coligação de (pelo menos) 76 deputados, no parlamento holandês, deverá passar por uma negociação entre aqueles e o VVD. Na expectativa estarão ainda os sociais-democratas do PvdD – os grandes derrotados da noite, ao perderem mais de 25 deputados –, parceiros de coligação do atual governo.