Doze empresas de cacau e chocolates concordaram numa “declaração de intenção colectiva” que os compromete a trabalhar para acabar com a desflorestação e degradação florestal na cadeia de produção global de cacau. O foco inicial será nos dois países da África Ocidental.
De acordo com um comunicado conjunto, o “acordo compromete as empresas participantes a desenvolverem e apresentarem um sistema público-privado de ação contra a desflorestação” num encontro das Nações Unidas sobre alterações climatéricas em novembro.
“A razão objetiva mais forte para a fazer alguma coisa é que a desflorestação é uma ameaça à resistência da própria indústria do cacau, e com ela a subsistência de milhões de pequenos atores que dependem desta”, disse o Príncipe de Gales, o alto-patrocinador do encontro.
“Estou sensibilizado por as empresas estarem a assumir a tarefa, em total colaboração com os governos e a sociedade civil, de construírem um enquadramento legal de forma a cumprirem os compromissos anunciados”, acrescentou o príncipe Carlos, citado pela agência AFP.
Além da Ferrero, Nestlé e Mars, estão envolvidas na iniciativa a Barry Callebaut, a Blommer Chocolate Company, a Cargill, a CEMOI, a ECOM, a Hershey, a Mondelez, a Olam e a Touton.
"Temos a expetativa que mais empresas se possam juntar ao esforço”, disse Barry Parkin, presidente da Fundação Mundial do Cacau (FMC) que organizou o encontro em colaboração com a Iniciativa para o Comércio Sustentável.
As plantações de cacau têm tido um efeito devastador nas florestas da Costa do Marfim e do Gana. As florestas costa-marfinenses estão a desaparecer mais rápido do que em qualquer outro país de África e entre 2000 e 2014, mais de um quinto da floresta destruída na África ocidental e bacia do rio Congo foi nestes dois países. Mais de metade da produção mundial de cacau é no Gana e Costa do Marfim.
Até há pouco tempo a maior parte da desflorestação era atribuída às indústrias do óleo de palma, soja, madeira e carne. Mas investigações recentes revelam que a produção de cacau também contribui para a destruição das florestas virgens.
A maioria do cacau é produzida por pequenos agricultores de países em desenvolvimento. Daí que o apoio a estas comunidades e tornar a produção uma mais-valia para as novas gerações é tido como chave para assegurar a sustentabilidade da indústria.