O presidente norte-americano e a chanceler alemã encontraram-se pela primeira vez esta sexta-feira depois das eleições nos Estados Unidos – o encontro em Washington foi adiado a meio da semana por causa do nevão em Nova Iorque.
Numa conferência de imprensa conjunta, o líder americano indicou que, à porta fechada, reafirmou a Merkel o seu “apoio forte à NATO, assim como a necessidade de os nossos aliados na NATO pagarem a sua quota-parte dos custos de defesa”.
O encontro teve alguns momentos de desconforto protocolar – Trump, por exemplo, pareceu não ouvir (ou recusar) o convite a um aperto de mão a Merkel numa sessão fotográfica –, mas nenhum mais do que saiu de uma pergunta de um jornalista alemão, que questionou o presidente americano sobre se mantinha as alegações de que o seu antecessor, Barack Obama, o tinha mandado escutar.
“Ao menos temos uma coisa em comum”, contestou Trump, apontando para Merkel, que descobriu, em 2013, através das revelações de Edward Snowden, que o seu telemóvel estava sob escuta dos serviços de espionagem norte-americanos. Após um curto silêncio, Trump voltou a insistir nas insinuações, atribuindo-as, desta vez, a um comentador do canal conservador Fox News, Anthony Napolitano.
É pouco provável que a defesa de Trump satisfaça críticos e imprensa. A própria Fox News afirmou esta sexta-feira que não consegue confirmar as alegações do seu comentador, que, para além disso, não esteve na origem das primeiras acusações de Trump, mas, sim, a uma notícia citada pelo seu porta-voz na quinta-feira, sugerindo que Obama pediu aos serviços de espionagem britânicos que fossem eles a espiar o então candidato.
Por sua vez, Angela Merkel afirmou na conferência conjunta que o seu país aumentará a despesa militar de forma a atingir os 2% do PIB exigidos pelas regras da NATO – Trump, em todo o caso, sugeriu que a Alemanha e outros países têm dívidas passadas.
A chanceler alemã discutiu Ucrânia e Afeganistão com Trump e, aos jornalistas, disse que a defesa é mais do que a despesa militar e engloba, por exemplo, “o desenvolvimento” – a proposta de orçamento revelada esta semana pelo governo americano sugere cortes profundos em programas de desenvolvimento e assistência humanitária internacional.