Bons sonhos e até amanhã

A Aldeia de Crianças SOS da Guarda precisava de substituir os colçhões para continuar a sua missão de ajudar crinças desprotegidas. É a dormnir que se constroem os sonhos.

As crianças são o nosso futuro e todas elas têm direito a crescer numa família, mas isso nem sempre é possível. Muitas vivem sem o apoio de um ou de ambos os pais, outras sofrem abusos. Mas as Aldeias de Crianças SOS não se conformam e fazem da sua missão ‘cuidar’, em família, dessas crianças desprotegidas. Ali elas «podem alcançar o seu bem-estar emocional e físico» e podem viver plenamente a sua infância, tendo a «oportunidade de se prepararem para o futuro», explicou Inês Courela, responsável de marketing das Aldeias de Crianças SOS.

O projeto nasceu em 1949 na Áustria, no contexto do pós-guerra, e atualmente está presente em 134 países e territórios. A Portugal a associação chegou em 1964, tendo sido inaugurada a primeira aldeia em Bicesse (Cascais) em 1967, a segunda em Gulpilhares (Vila Nova de Gaia) em 1980 e por último a da Guarda em 1986. Ao todo, pelas três aldeias portuguesas já passaram mais de 500 crianças. Só na aldeia da Guarda cresceram 140 rapazes e raparigas, hoje independentes. Ali encontraram o amor e a segurança de um lar.

O ano de 2013 foi difícil para todas as famílias e as SOS da Guarda, com seis casas familiares, não foram exceção. Além das inúmeras necessidades diárias que enfrentavam foi preciso renovar todos os colchões, usados há mais de 10 anos, que já não davam o conforto mínimo para que as crianças pudessem dormir bem e descansar. Com a ajuda da plataforma de crowdfunding do Novo Banco, a Aldeia de Crianças SOS da Guarda conseguiu substituir os 24 colchões. Para que as crianças e jovens recuperassem de um dia a dia exigente, e acima de tudo para que mantivessem a capacidade de sonhar e de construírem o seu caminho.

Inês Courela recordou ao SOL que conseguiram «rapidamente angariar o valor necessário para algo simples, mas que é mais do que um custo do dia a dia». O valor a que se tinham proposto era de 4.800 euros, mas a associação conseguiu angariar 6.016 euros com o apoio de 89 donativos. Um colchão é muito mais do que um mero sítio para dormir.

Ter um local apropriado para descansar é condição essencial para continuar a brincar e a estudar com bom aproveitamento. Em 2013, a melhor aluna das crianças das aldeias SOS era da Guarda, onde a taxa de sucesso escolar foi de 77%. Estes resultados ficam acima da média referida pela Segurança Social para instituições de acolhimento, que se situa na ordem dos 50%.

«O dia-a-dia das crianças que acolhemos é igual ao de outra criança inserida numa família», explicou Inês Courela, referindo que o cuidador de referência é a Mãe SOS, que cuida das crianças como se fossem seus filhos. «É ela que gere a casa e prepara os pequenos-almoços antes de saírem para a escola. No regresso fazem os trabalhos, brincam ou vão para as atividades extracurriculares». No fim do dia todas as crianças jantam em família: «Partilham, conversam, aprendem com a sua família. Recebem cuidado, carinho e atenção para que se possam desenvolver plenamente». A responsável acrescentou que, «se acordarem com um pesadelo, a Mãe SOS estará lá para acalmar e reconfortar. Para saberem que nada de mal acontecerá e que haverá sempre alguém a tomar conta delas».

É este dia a dia, esta normalidade, que a associação quer para as crianças. Com o objetivo que, «independentemente de todas as disrupções que tenham tido, quando um dia se autonomizarem possam ser adultos, capazes de confiar noutros adultos e de constituírem as suas próprias famílias».

Para isso, as Aldeias de Crianças SOS, que acolhem 120 ‘filhos’, precisam de todo o apoio. «Assegurar o dia de amanhã é a nossa necessidade mais premente. Saber que conseguimos pagar o dentista, que podemos inscrever uma criança na natação, pagar a água, luz, gás e alimentação», sublinhou Inês Courela. www.aldeias-sos.org.