Quem ontem de manhã passou por Alcântara sentiu os efeitos do problema no viaduto: os comboios não funcionavam, o trânsito estava cortado, as restantes artérias da cidade estavam mais congestionadas do que o costume.
Ao final da tarde, a Câmara Municipal de Lisboa emitiu um comunicado no qual explicava que, apesar de estarem reunidas as condições de segurança para para que os comboios voltassem a funcionar, a circulação rodoviária sobre o viaduto ia continuar encerrada.
“Foram feitas, ainda esta manhã, as avaliações dos riscos. A Infra-Estruturas de Portugal entendeu, na sequência dessas avaliações, estarem reunidas as condições de segurança para reabrir a circulação ferroviária, passando as composições a uma velocidade reduzida junto do viaduto. A circulação rodoviária sobre o viaduto vai continuar encerrada. Já se mobilizaram todos os meios técnicos para fazer a reparação do tabuleiro e normalizar as condições de funcionamento do viaduto”, explica a Câmara de Lisboa, em comunicado.
O mesmo organismo explicou que foram montados “dispositivos hidráulicos para elevar o tabuleiro com vista a colocar esta estrutura e o pilar na posição correta”. Os trabalhos decorreram entre as 02h00 e as 06h00 desta madrugada, com vista a não condicionar ainda mais o trânsito nesta zona da capital portuguesa.
Embate esteve na origem do problema
A própria Câmara Municipal de Lisboa já revelou que “todos os indícios apontam” para que a deslocação da estrutura e do pilar do viaduto terá sido provocada pelo embate de um veículo pesado “na guarda superior” da infraestrutura. O i tentou contactar os Bombeiros Sapadores de Lisboa para saber se tinham estado no local à hora do acidente, mas sem sucesso.
A autarquia adianta, no mesmo comunicado, que o viaduto estava em boas condições e que não tinham sido detetados quaisquer anomalias na sua estrutura: “O viaduto foi alvo de uma obra de reforço da estrutura em 2005, sendo regularmente examinado pelos serviços técnicos competentes. A última vistoria técnica foi realizada a 13 de fevereiro de 2017, não tendo sido detetada qualquer anomalia ou problema no viaduto”.
Governo culpa Câmara de Lisboa
Foram várias as vozes que se ouviram ontem durante o dia a apontar o dedo à autarquia lisboeta pelo problema no viaduto de Alcântara.
À margem de um encontro sobre venda de ações da TAP, o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’ Oliveira Martins, admitiu que esta era uma estrutura que deveria ser temporária: “A história deste viaduto é conhecida, mas lembro que também a sua construção foi da responsabilidade da CML”.
Vereadores do PSD e do PCP culpam a maioria socialista por episódios como o de ontem, dizendo que resultam da “falta de investimento na manutenção da cidade”. “O atual executivo não quis investir porque prefere fazê-lo na obra que é mais visível e torna a cidade mais bonita”, afirmou o social-democrata António Prôa.
O viaduto foi reabilitado em 2005, quando Pedro Santana Lopes era presidente da Câmara Municipal de Lisboa. As obras, orçadas em 1,5 milhões de euros, incidiram na colocação de piso antiderrapante, o reforço das estruturas com chapas metálicas e beneficiação geral do viaduto, explica a agência Lusa.