Geração i. Imparáveis sim, mas só até conhecerem Lisboa

Viajaram por vários continentes, trabalharam em diferentes países. Quando conheceram Lisboa, decidiram que era altura de ficar.

Na rua Morais Soares, às oito da noite, são várias as pessoas que saem dos autocarros, prontas para chegar a casa no final de um dia de trabalho. Ao cimo da rua, perto do Minipreço, há uma casa singular. Ainda agora começou a primavera, mas naquela varanda veem-se fatos de surf a secar, chinelos e toalhas de praia durante o ano todo. Quem entra no apartamento, que fica num segundo andar, é recebido pelo Klaus e pela Lola, dois gatos portugueses que, com o tempo, se tornaram poliglotas.

O corredor é comprido e está decorado com dezenas de pranchas de surf que com a força de marés mais fortes acabaram por se partir em dois. A única portuguesa que ali vive é morena e destoa no meio da tonalidade loira dos cabelos dos outros residentes daquele que é o ponto de encontro de muitos viajantes do mundo inteiro. Dois gémeos norte americanos, dois alemães e, de visita, está Nina, uma jovem alemã que já também já viveu em Portugal e veio matar saudades. Todos eles têm em comum o facto de terem viajado por muitos países antes de chegarem a Lisboa, onde decidiram ficar, pelo menos por agora.

Lennart, que é alemão, tem 27 anos e é professor em Lisboa. A curiosidade de conhecer o mundo fez com que, ainda no ensino secundário, fosse estudar para a Austrália. Embora tenha gostado da experiência, já que o clima e as ondas eram os melhores para quem aprendeu a surfar desde cedo, decidiu voltar para a Alemanha, onde terminou os estudos. Assim que se formou, viajou para a Indonésia, onde ficou um ano como instrutor de surf. Considera fazer parte de uma geração que tem tanto de abençoada quanto de amaldiçoada por uma infinidade de oportunidades de escolha, que sempre deixam uma sensação de insatisfação e de vontade de conhecer mais e de estar em mais lugares. Depois de ter viajado pela Índia, África do Sul, Nicarágua e vários países da Europa, hoje sente que Lisboa é o sítio onde quer estar: “É o clima, a comida, a qualidade de vida e claro, as boas ondas que há para surfar”, explica.

Simon, tem 26 anos e é irmão gémeo de Sam. Natural de Los Angeles, concorda com o amigo que, por acaso, conheceu numa das muitas viagens que fez ao longo destes anos: “Lisboa é onde me sinto bem agora, é onde quero estar”. Habituado a viajar desde pequeno com os pais, que tinham o ritual de irem de férias para o estrangeiro, tem a família toda na Suíça e, por isso, manteve sempre um contacto próximo com a Europa, que o fascinou desde criança.

Nina, alemã de 26 anos que também já estudou e viveu em Portugal, está em Lisboa por alguns dias, para matar saudades daquela que foi a sua escolha para fazer o mestrado. “Senti-me bem nesta cidade”. Toby, conterrâneo de Lennart e Nina, concorda com os amigos e colegas de casa: “Já estive em muitos sítios do mundo, já vivi e trabalhei em muitos lugares mas agora já não sinto a ânsia de me mudar como antes. É aqui que me sinto bem. Temos oportunidades de trabalho, temos surf, qualidade de vida – não podemos querer mais”.

Estabilidade

A proximidade à família faz com que o sonho passe por conseguir uma boa carreira profissional em Portugal, usufruindo do bem que sabe a estabilidade. Viajar? Sim, mas com “v” de volta.

 

 

 

Criadora do projeto no youtube Porta 253, gosta de viajar mas é em Braga que se sente bem. A qualidade de vida em Potrugal é incomparável para a jovem de 23 anos que, se puder, é cá que quer ficar.

 

 

É casada, está empregada na área e está feliz. Tem a vida encaminhada, o que nem todos os da sua idade podem dizer. Isso não impede que viaje, é um gosto que mantém e que quer alimentar.