Pedro Proença não tem dúvidas: o futebol só tem a beneficiar com a introdução das novas tecnologias em apoio aos árbitros. A explicação do presidente da Liga de Clubes surgiu à margem da sua presença no Football Talks. "É algo que vai acontecer. Temos um problema porque tudo passa na televisão. Não basta a habilidade dos árbitros no campo. Precisam de ser ajudados. Introduzir a tecnologia vai criar um melhor futebol e um futebol verdadeiro", realçou o dirigente, dando o exemplo de uma das modalidades-rainhas nos Estados Unidos: "No futebol americano eles encontraram soluções e está na hora do futebol encontrar as mesmas soluções para este problema."
O líder do organismo que regula o futebol português não deixou de abordar o clima de crispação que se vive em torno da arbitragem em Portugal, com ameaças e até agressões a árbitros, lembrando mesmo ter sido ele próprio alvo de agressões por parte de adeptos no centro comercial Colombo, em Lisboa, quando ainda apitava. "Todos condenamos o que se passou. Mas também tenho a noção de que aqueles momentos extravasam o futebol. Está a falar com uma pessoa a quem aconteceram actos desse nível num passado recente", realçou. Sublinhando que a arbitragem está fora da esfera da Liga, Proença garantiu todavia que tentará sempre colaborar na melhoria do futebol nacional: "Em maio teremos a revisão das normas regulamentares quer disciplinares, quer ao nível das competições, e esperamos que essa revisão possa ajudar a erradicar comportamentos negativos para o futebol. Isto passa por um processo de maturidade que enquanto competição teremos de saber alcançar. Não se faz do dia para a noite. O caminho faz-se caminhando."
Questionado sobre a descida no ranking UEFA e a perda de uma equipa na Liga dos Campeões em 2018/19, Pedro Proença manifestou-se preocupado, mas confiante numa recuperação num futuro próximo. "Claro que preocupa, mas temos tido a capacidade de nos regenerar, fundamentalmente no trabalho que fazemos com mestria na formação do jovem português e no scouting de determinados mercados que outros países europeus não conseguiram alcançar. Vamos continuar a fazer o nosso trabalho com as ferramentas que temos", afirmou Proença, relacionando a perda de competitividade dos clubes nacionais na Europa com os problemas financeiros que o país tem passado nos últimos anos: "Tivemos uma troika há três anos. Os critérios económico-financeiros são, no que diz respeito ao futebol, importantes. Obviamente que não podemos querer comparar-nos com países que têm PIB’s e referências económico-financeiras de outros níveis, mas de certeza que vamos ser muito competitivos num futuro próximo."
Houve ainda tempo para uma pergunta sobre a diferença de poderio entre os clubes chamados grandes do futebol português e os restantes. Pedro Proença considera que este é um assunto transversal a todos os países. "Não é um problema que acontece só em Portugal. Se olharmos para o top 5 das ligas europeias… o caso do Bayern Munique na Bundesliga, a La Liga com o Real Madrid e o Barcelona. Obviamente que Portugal tem também este desafio. Será importante criar condições para que os clubes mais pequenos se tornem maiores. É esse o nosso desafio e temos de encontrar soluções", assumiu.