Mike Flynn afirma que está disposto a prestar depoimentos à equipa de congressistas que investiga possíveis ligações da campanha de Donald Trump ao governo russo, mas diz que só o fará se lhe for garantida imunidade. Um pedido que, para já, lhe será negado.
O antigo conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional foi demitido menos de um mês depois de tomar posse, ao descobrir-se que esteve em contacto com o embaixador russo e, ao telefone, lhe deu a entender que o novo governo podia abrandar as sanções a Moscovo.
“Nenhuma pessoa razoável, que pode ter o benefício de um conselheiro legal, se submeteria a um interrogatório tão politizado e com contornos de caça às bruxas como este sem ter garantias de que não seria injustamente julgado”, disse o seu advogado na noite de quinta.
Os pedidos de imunidade em depoimentos ao Congresso não são incomuns. O “Washington Post” escrevia esta sexta-feira que assistentes de Hillary Clinton fizeram o mesmo no caso do seu servidor privado nos tempos em que era secretária de Estado.
Se o pedido de Flynn faz soar alarmes na Casa Branca, a equipa de Donald Trump não o admite. O próprio presidente escreveu no Twitter que apoia a decisão de Flynn, uma vez que entende que a investigação às suas ligações russas não passa de uma “caça às bruxas” lançada por jornalistas e democratas.
Mike Flynn should ask for immunity in that this is a witch hunt (excuse for big election loss), by media & Dems, of historic proportion!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 31, 2017
A Casa Branca, porém, vê-se envolvida numa teia cada vez mais intrincada de suspeitas. E não só em torno das suas ligações aos serviços de espionagem russos que tentaram influenciar as eleições de novembro. Há também dúvidas relacionadas com a própria investigação no Congresso.
O “New York Times” e o “Washington Post” revelaram esta semana que o militante de topo do Partido Republicano responsável pela investigação do Congresso à campanha de Trump, Devin Nunes, tem estado em contacto com a Casa Branca, com quem parece estar a orquestrar uma estratégia de defesa contra a própria investigação que ele conduz com outros congressistas – supostamente imparcial.
O “Guardian”, por sua vez, revela esta sexta-feira que os responsáveis pelos serviços de espionagem americanos e britânicos se mostraram preocupados com a nomeação de Mike Flynn ainda antes de ele ser apontado conselheiro por Donald Trump, fazendo referência às conhecidas ligações com o Kremlin e “uma mulher” próxima dos serviços de espionagem russos.