A CrescerSer – Associação Portuguesa para os Direitos dos Menores e da Família – foi criada em 1986 por um grupo de magistrados e técnicos assessores dos Tribunais de Menores e de Família. «Sentiram a necessidade de levar mais longe a proteção das crianças e dos jovens, contribuindo para uma maior e melhor promoção e concretização dos seus direitos», lembra ao SOL a secretária-geral da associação, Fátima Serrano.
Atualmente, a CrescerSer conta com sete centros de acolhimento temporário de crianças e jovens em risco, em vários pontos do país. Quatro destinam-se a crianças dos 0 aos 12 anos e três a jovens dos 12 aos 18 anos.
Fátima Serrano sublinha que «nestes 31 anos de existência foram acolhidas e encaminhadas com êxito 1.301 crianças e 1.166 jovens». As crianças e jovens acolhidas são vítimas de maus-tratos; privadas do seio familiar, sem registo de nascimento. Há também crianças com problemas graves de saúde mental; vítimas de abuso sexual ou doenças infetocontagiosas.
A instituição acredita que «é necessário, em tempo útil, promover com qualidade e segurança a sua desinstitucionalização, seja para uma integração familiar, sempre que possível – abordando a família alargada, avós, tios – seja para uma adoção nacional ou internacional, seja para uma situação de autonomia de vida».
Ao todo, a associação acolhe neste momento 96 crianças e jovens nos sete centros: a Casa do Parque, em Carnaxide; a Casa da Encosta, em Carcavelos; a Casa do Infantado, em Loures; a Casa da Ameixoeira, em Lisboa; a Casa do Canto, em Chão do Couce; e as Casas de Cedofeita e do Vale, no Porto.
Reconstruir afetos
A missão é clara. «Procuramos desenvolver com qualidade, em favor das crianças e jovens e suas famílias, as melhores respostas para ajudar a reconstruir afetos, sentimentos de autoestima, sentido de responsabilidade, confiança no outro e na vida», diz Fátima Serrano.
Por compreender a importância do trabalho da CrescerSer, o Centro Psicopedagógico da Linha lançou, em 2013, a iniciativa solidária ‘Juntos Por Uma Causa’. Através do Novo Banco Crowdfunding conseguiram angariar 2.134 euros para ajudar a suportar os custos de manutenção das casas da CrescerSer.
A campanha, que contava com o apoio da atriz Maria João Abreu, tinha também o objetivo de proporcionar um dia diferente às crianças que viviam nas casas de acolhimento da grande Lisboa. Vinte delas tiveram uma aula de surf na praia de Carcavelos, conduzida pela escola Grande Onda, a que assistiram algumas das pessoas que «contribuíram para a angariação na plataforma de crowdfunding».
O dia contou ainda com a visita à fábrica de pranchas de surf Red Eyes Surfboards, «onde tiveram oportunidade de ver como são feitas». As crianças participaram ainda na pintura personalizada de uma prancha, que depois foi doada aos jovens da Casa da Ameixoeira. «Foram momentos inesquecíveis», sublinha a responsável ao SOL. Tudo foi filmado e as crianças receberam o vídeo como recordação.
Passados mais de três anos, a associação continua o seu caminho, mas há novos desafios e constrangimentos. Neste momento, precisam de três carrinhas de nove lugares para as casas. «É uma necessidade urgente, pois delas dependem as idas para a escola das crianças e jovens, e a realização de diversas atividades», apelou a responsável. Saiba como ajudar em www.crescerser.org.
