Mais uma vez, o Canelas 2010 volta a estar debaixo dos holofotes e não pelos melhores motivos. O conjunto de Gaia, que foi notícia na primeira metade da época por ter sido alvo de boicote da maioria dos seus adversários na Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto, viu este domingo o encontro com o Rio Tinto (precisamente um desses adversários) ser interrompido aos três minutos.
E tudo porque, logo num dos primeiros lances do jogo, Marco Gonçalves, avançado do Canelas, foi expulso pelo árbitro José Rodrigues após agressão a um adversário. Ato contínuo, o atleta agarrou a cabeça do árbitro e deu-lhe uma joelhada, como se pode ver aqui, no vídeo publicado no Youtube pela página “Minuto90”, que estava a transmitir o encontro em direto na sua página de Facebook.
Marco Gonçalves, um dos elementos mais conhecidos da claque do FC Porto “Super-Dragões”, acabou por sair de campo escoltado pela polícia, e viria a ser detido pelas autoridades quando já se encontrava no balneário. Isto, enquanto o árbitro era assistido em campo pelo INEM, depois de ficar com o nariz partido em três sítios.
O jogador de 34 anos, conhecido como Orelhas, vai ser presente a tribunal hoje. Entretanto, em declarações à SIC, garantiu não se lembrar de ter agredido o árbitro. “Lembro-me de agarrar o árbitro, agora não sei como é que aquilo aconteceu. Não me lembro mesmo de ter agredido o árbitro. Joelhada? Talvez tenha sido. Se isso for verdade, queria mesmo pedir desculpas ao árbitro, à família do árbitro, aos portugueses e à instituição de Rio Tinto”, atirou.
Horas depois, através da sua página de Facebook, o Canelas 2010 anunciou que Marco Gonçalves “nunca mais vestirá a camisola” do clube. Num comunicado assinado pelo presidente Bruno Canastro, o clube gaiense diz condenar veementemente a atitude do atleta e garante estar “totalmente solidário” com o árbitro.
Situação expectável Aos microfones da CMTV, o diretor de comunicação do Rio Tinto, Francisco Freitas, afirmou que esta era uma situação expectável. “Aconteceu aquilo que infelizmente já todos esperávamos, uma agressão a um árbitro. Mais dia, menos dia iria acontecer – porque esta equipa já vem fazendo este tipo de atuações, ameaças, coações, e mais cedo ou mais tarde isto aconteceria. Infelizmente aconteceu aqui em Rio Tinto. O futebol não merece isto, mas aconteceu”, afirmou o dirigente.
Em reação, o presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), considerou que “o que aconteceu é vergonhoso para o futebol e não pode voltar a acontecer”. Segundo Luciano Gonçalves, “as instâncias têm que pôr mão nisto de alguma forma. Estas situações estão a passar o âmbito desportivo e têm que terminar. Porque corremos o risco que um dia morra um árbitro num qualquer relvado”.