Tasca Fit. É um prato de tremoços e um açai, por favor

Neste novo espaço no Arco do Cego, os pratos aliam o saudável ao tradicional

Aqui há espaço azeitonas e tremoços, mas também para húmus servido com palitos de vegetais. Existe a tapioca de salmão e guacamole, mas também uma tosta alentejana de presunto e queijo da serra. Há ainda um hambúrguer de grão de bico com gengibre e lima, ao lado de um de vaca com ovo estrelado e cebola caramelizada.

“Este é um espaço onde toda a gente pode vir”, garante André Borralho, ao chamar para a “Tasca Fit” os mais saudáveis, mas também aqueles que ainda precisam de um empurrão. Tal como ele precisou, aliás.

Não parece, mas André já pesou mais de cem quilos. Em criança e adolescente praticava ténis de alta competição e futebol amador, mas a vida desportiva descambou com a ida para Coimbra e respetiva vida universitária. “Eu não sabia cozinhar, ainda me lembro que o meu primeiro prato foi arroz com ovo”. Por causa disso, durante anos “tudo o que aparecia era combustível”, principalmente o fast-food. O Erasmus na Finlândia – “onde a comida era ainda mais gordurosa” – levaram-no ao peso máximo de 104 quilos.

Quando voltou a Portugal, decidiu que era tempo de mudar e aliou a entrada num ginásio com os conhecimentos que trazia da licenciatura em engenharia alimentar. Trocou os dois litros de Coca-Cola por dia por água, comida saudável e suplementos e as horas na noite, por sessões com o personal trainer.

Para perder vinte quilos, teve que aprender a fazer mais do que arroz com ovo e, como alentejano amante da boa mesa, decidiu que ia conseguir integrar nas suas receitas saudáveis os produtos mais tradicionais da cozinha portuguesa. “Por exemplo, o bitoque que eu adoro. Trabalhei até conseguir comer um bitoque saudável mas que me soubesse tão bem como os outros”, conta. Vai daí que um dos itens da ementa seja bitoque, mas com algumas alterações mais saudáveis: a carne pode ser de peru, o ovo escalfado, a batata é doce e o arroz é basmati.

Aqui as doses são bem servidas e André garante que pode encher o prato caso o cliente peça. “Quero é que saiam satisfeitos”, brinca. E apesar de o foco estar virado para a alimentação saudável, em cada uma das secções da ementa, há uma opção menus fit, ainda que mesmo essa seja feita com algum cuidado. “Na cozinha não entra outra gordura que não o azeite e também substituímos os açucares e farinhas refinadas”.

A Tasca Fit está aberta de manhã à noite, literalmente. A partir das 8 da manhã é possível pedir um açai, panquecas proteicas, tapiocas, granolas e iogurtes para pequeno-almoço. Já ao almoço e jantar há opções de sopa, hamburguers, bitoques, tostas e saladas, que podem ser comidas lá ou postas na marmita para levar. “Queremos mesmo que as pessoas tragam o seu tupperware para nós enchermos”, refere André. Às sextas e sábados à noite vai funcionar também como bar e espaço cultural, com música ao vivo e exposições já agendadas.

Não foi fácil chegar a um conceito de tasca saudável, mas André não a imaginava de outra forma. “Tinha que mostrar às pessoas aquilo que aprendi. Ser saudável não é comer saladas, é saboroso e pode ser feito com os ingredientes mais tradicionais. E se de vez em quando apetecer uma alheira, porque não? Na vida tem que haver espaço para tudo”, admite.

 

Tasca Fit

Rua Visconde de Santarém, 69

Aberto das 8h às 23h, Sextas e sábados até às 2h