A estadia de Renato Sanches no Bayern não tem sido famosa – muito pelo contrário. Tido como uma das grandes promessas do futebol mundial, após uma ascensão meteórica no Benfica que terminou com a conquista do campeonato nacional e da Taça da Liga, o médio de 18 anos convenceu o colosso alemão, que por ele desembolsou 35 milhões de euros a pronto – num negócio que ainda poderá chegar aos 80 milhões – ainda antes do brilharete no Europeu de França. Na Alemanha, porém, Renato não tem deslumbrado: apesar de já ter participado em 23 jogos pelo Bayern, soma apenas 800 minutos, tendo sido titular em somente oito ocasiões.
A última delas – primeira em quatro meses – deu-se a meio desta semana, frente ao Hoffenheim. Curiosamente, um encontro em que o Bayern saiu derrotado (1-0), com Renato Sanches a sair arrasado pela Imprensa desportiva alemã. Num artigo titulado “Quanto mais tempo terá o Bayern de ter paciência?”, o jornal alemão TZ considerou a exibição do médio português “assustadora”. “Falsa partida do foguete do Bayern – outra vez. Aos quinze minutos já tinha falhado quatro passes que deram em ataques perigosos do adversário. E no golo [do Hoffenheim] chegou atrasado. A transferência de 35 milhões de euros fez antever uma grande aposta dos dirigentes do Bayern na joia de meio campo, mas, até agora, não correspondeu às expetativas”, escreveu aquela publicação, com a antiga lenda Lothar Matthaus a dizer que falta ritmo ao jovem português… mas não só: “Ainda não se sabe posicionar bem.”
Renato Sanches – que já por diversas vezes mereceu elogios do técnico Carlo Ancelotti, bem como de colegas de equipa – não é, todavia, caso único. Dos 23 campeões europeus por Portugal, há pelo menos mais três nomes que têm desiludido após dar o salto para clubes de topo do futebol mundial. André Gomes, também ele lançado para a ribalta no Benfica, continua igualmente sem convencer a exigente massa adepta do Barcelona – bem como a acirrada Imprensa desportiva espanhola, que por ele se enamorou nos dois anos que atuou pelo Valência. Soma, ainda assim, já 37 partidas com a camisola blaugrana (e um golo), 23 das quais como titular.
Ainda em Espanha, surge o nome de Nani. Massacrado por lesões, alinhou em apenas 19 jogos pelo Valência, marcando três golos. Números aquém do esperado, claramente. E depois, há João Mário: contratado por 40 milhões de euros (mais cinco variáveis) pelo Inter de Milão, onde se esperava que se assumisse como patrão do meio-campo, pegou de estaca ao início, mas tem vindo a perder fulgor com o decorrer da temporada. Não é titular há mês e meio: nesse período soma três participações como suplente utilizado e um jogo sem sair do banco. No total, conta 27 jogos e três golos pelos nerazzurri.
Noutro contexto, há ainda os casos de Raphael Guerreiro, Rafa e Eduardo. Os dois primeiros têm dado boa resposta sempre que são chamados à ação no Borussia Dortmund e no Benfica, respetivamente, mas também têm sofrido bastante com lesões: somam ambos 25 jogos (cinco golos no caso de Raphael Guerreiro, dois para Rafa); já o guardião não conseguiu ainda qualquer minuto pelo Chelsea, embora essa fosse uma situação previsível: quando se transferiu do Dínamo Zagreb para os Blues, já com a época em andamento, Eduardo sabia que iria ser o terceiro guarda-redes do clube, atrás de Courtois e Begovic.
O enigma Guedes Nem só de campeões europeus, porém, se faz esta lista. Gonçalo Guedes, outra jovem promessa vendida a peso de ouro (30 milhões de euros mais sete variáveis) pelo Benfica ao PSG, tem tido igualmente muito poucas oportunidades (apenas 223 minutos, divididos por seis jogos, mas só dois como titular). “Dois meses depois, não mudou. Continua a ser um mistério”, escreveu há dias o prestigiado jornal francês “L’Équipe”.